A produção agrícola do Brasil pode ter uma queda de 16% em seu valor, caso não haja a manutenção das abelhas e outros polinizadores, com risco de extinção
As informações do IBGE indicam que a atividade desses insetos é fundamental para a produção de alimentos, a economia e a biodiversidade.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a contribuição dos polinizadores animais para a agricultura brasileira é relevante. Invertebrados terrestres, incluem insetos como abelhas, borboletas, besouros e mariposas, muitos deles em risco de extinção. Segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (17) pelo IBGE, a participação dessas espécies no valor da produção atingiu uma média de 16% do total em 2023.
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A lista de espécies em risco de extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) indica que diversas espécies de polinizadores encontram-se em situação de vulnerabilidade, perigo e perigo crítico de desaparecimento. A redução dessas populações afeta diretamente a produção de alimentos, a reprodução de plantas nativas e a manutenção do equilíbrio ambiental.
O Índice de Contribuição dos Polinizadores no Valor da Produção (IVP), divulgado pelo IBGE, avalia o impacto direto dessas espécies na formação de frutos e sementes que chegam ao comércio e são registradas em pesquisas. Os resultados demonstram a relevância delas não apenas para a biodiversidade, mas também para a economia e para a segurança alimentar do país.
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De acordo com os dados, a contribuição é significativamente mais importante para produções de cultivo permanente e para o extrativismo. Nesse recorte, estima-se que a ação dos polinizadores animais pode responder por mais de 45% dos ganhos em relação aos produtos cultivados.
Nas culturas permanentes, o Índice IVP atinge quase 40%. Essa produção inclui árvores frutíferas e plantas perenes, que permanecem no solo por longos períodos e possibilitam colheitas contínuas sem a necessidade de replantio. A lista contempla, por exemplo, café, laranja, caju, cacau e guaraná, alimentos bastante comuns na alimentação brasileira e de grande relevância para a economia nacional.
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Mais de 71% das 35 culturas permanentes analisadas apresentam algum grau de dependência de polinizadores animais. Para 28% delas, a necessidade dessas espécies é alta e, para 17%, é essencial. A produção nesses sistemas triplicou desde a década de 1970, elevando-se de 15 milhões de toneladas em 1975 para 45 milhões de toneladas em 2023.
A dependência da produção extrativista em relação aos polinizadores atingiu 47,2% em 2023. A conclusão reforça a importância vital da polinização para espécies nativas do Brasil, como o açaizeiro, que desempenha um papel essencial na dinâmica socioeconômica de diversas comunidades extrativistas da Região Norte.
A presença dessas espécies influencia a taxa de formação e a qualidade das frutas, além de ser essencial para o número de sementes, o tamanho, o peso e o volume. Mesmo a quantidade de açúcar, o formato e a concentração de nutrientes podem ser modificados pelos polinizadores.
Contribuição Regional
A relevância dos polinizadores é tão crucial que, em 2023, aproximadamente 20% dos municípios brasileiros apresentavam um valor de Inventário da Polinização que representava mais de um quarto do seu valor total de produção. Entre as regiões, os índices variam de 10% a 20% do total, porém, em alguns casos, podem ultrapassar 45%.
Na Região Norte, a contribuição para a polinização é crucial para as culturas permanentes e representa mais de 60% do total, com destaque para o açaí, o café canephora e o cacau. No extrativismo, a dependência é ainda maior, girando em torno de 80%, tendo o açaí como principal produto.
No Nordeste do Brasil, a produção de produtos como manga, cacau e uva apresentou uma contribuição da polinização próxima de 50% ao longo do período analisado. No Sudeste, o índice varia entre 20 e 30%, impulsionado por produções de café canephora e arabica e de laranja, cenário similar ao do Centro-Oeste.
Na Região Sul, produtos como a maçã e a uva, que também são de cultura permanente, apresentam alta dependência de polinizadores, o que eleva a contribuição da polinização para taxas que podem chegar a 50%.
Qual é o processo de pesquisa?
A pesquisa do IBGE compreende o intervalo de 1975 a 2023 para a agricultura e de 1981 a 2023 para o extrativismo. Os dados são provenientes das Pesquisas de Produção Agrícola Municipal (PAM) e da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS).
A PAM oferece dados sobre a área colhida, a quantidade produzida e o valor da produção para culturas permanentes e temporárias. Já a PEVS detalha a quantidade e o valor da produção da extração vegetal, excluindo produtos madeireiros e da silvicultura que não têm relação direta com a polinização.
Para avaliar a relação entre os produtos, os dados crus das pesquisas são ajustados, incluindo a transformação de unidades de medida para frutas e a uniformização de espécies de café ao longo do tempo.
A taxa de dependência de polinização animal é determinada por fontes científicas. Os produtos são então categorizados em classes de dependência de acordo com a relevância da ação animal para a produtividade.
Assim, o Indicador de Contribuição dos Polinizadores no Valor da Produção é calculado, considerando o valor de produção de cada produto e o nível de dependência do processo de polinização.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.