A prática de atividades físicas e o consumo de ômega-3 auxiliam na diminuição da gravidade de infecções dentárias
Ratos submetidos a exercícios físicos que receberam suplementação com ácido graxo apresentaram melhor resposta às bactérias e ao processo inflamatório d…

A pesquisa publicada na revista Scientific Reports demonstra que a prática de atividade física, combinada com a suplementação de ômega-3, promove uma melhora notável na resposta imunológica e reduz a intensidade da periodontite apical crônica.
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A inflamação na extremidade da raiz do dente, conhecida como ápice, e na área ao redor dela, tem como principal causa a cárie. Quando a cárie não é tratada, as bactérias alcançam o canal radicular do dente e o atravessam até o ápice, resultando em periodontite. Essa condição provoca a perda óssea na região.
A prática de exercícios físicos moderados, aliada à suplementação de ômega-3, melhora significativamente a condição inflamatória causada pela periodontite apical. A combinação restringiu a progressão bacteriana, diminuiu a perda de tecido ósseo, modulou a liberação de citocinas pró-inflamatórias e incentivou a atividade de fibroblastos, células que formam e conservam o tecido.
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Se não for tratada, a infecção pode levar à perda do dente. Além disso, existe uma relação bidirecional entre a periodontite apical e alterações sistêmicas do paciente. Diabetes, síndrome metabólica, arteriosclerose e doenças renais, entre outras, podem agravar o quadro da periodontite apical. Ao mesmo tempo, a infecção no ápice pode piorar quadros dessas doenças.
É uma condição que o paciente pode não saber que tem devido ao seu caráter crônico, mas que pode evoluir, levando à destruição óssea e mobilidade do dente. Além disso, em situações específicas, como uma queda de imunidade, pode tornar-se aguda, então, o paciente passa a sentir dor, forma-se pus no local, o rosto pode ficar inchado.
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O exercício físico isolado em ratos promoveu uma melhora sistêmica, regulando a resposta imune local. Adicionalmente, quando combinado com a suplementação, reduziu ainda mais o quadro destrutivo causado pela patologia endodôntica.
Pesquisadores provocaram periodontite apical em 30 ratos, que foram distribuídos em três grupos. O primeiro grupo não recebeu nenhuma intervenção. Os grupos segundo e terceiro foram submetidos a um protocolo de natação por 30 dias. O terceiro grupo também recebeu uma suplementação alimentar com ômega-3, um ácido graxo poli-insaturado reconhecido pelos seus efeitos terapêuticos em doenças crônicas inflamatórias.
Aquele grupo que realizou apenas natação apresentou resultados mais positivos em comparação com o grupo controle, sem intervenção. Contudo, a suplementação com ômega-3, combinada com a prática de exercícios físicos, otimizou ainda mais a resposta imune e o controle da infecção.
As análises imuno-histoquímicas, que investigam o papel do sistema imune em infecções, revelaram distintos níveis das citocinas interleucina 17 (IL-17) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o que reflete a magnitude da resposta inflamatória.
Os ratos que não receberam nenhum tratamento apresentaram níveis moderados dessas citocinas, enquanto os que realizaram exercícios físicos mostraram níveis menores, e os que receberam suplementação, os mais baixos.
Além da quantidade mínima dessas citocinas, o grupo que realizou atividade física demonstrou menor presença de osteoclastos, células que reabsorvem o tecido ósseo e, consequentemente, indicam perda óssea. Os resultados foram ainda mais positivos no grupo que consumiu ômega-3, com diferenças estatísticas significativas em relação aos animais que não receberam tratamento.
A microtomografia óssea das maxilas revelou que os animais que realizaram natação apresentaram menor perda de volume de osso alveolar, que reveste os dentes, em comparação com os do grupo controle. No grupo suplementado, essa perda foi ainda reduzida.
O estudo oferece aos autores novas evidências acerca dos benefícios da prática de exercícios físicos e do ômega-3 para o sistema imunológico, com implicações ainda mais claras para a saúde bucal.
Para verificar se seria aplicável a humanos, seria necessário um estudo clínico com um número considerável de pacientes. Contudo, acrescido dos inúmeros benefícios já comprovados da prática de exercícios físicos e do consumo de ômega-3, esta é mais uma evidência relevante.
O trabalho recebeu apoio da Fapesp através de bolsas de Iniciação Científica para Michely de Lima Rodrigues (20/13089-3 e 22/04884-0), outra coautora do estudo.
O estudo Physical exercise alone or combined with omega-3 modula a periodontite apical induzida em ratos pode ser encontrado no site da revista Nature.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.