A política de tarifas de Trump impulsiona a aprovação de governos impactados

A oposição busca impedir que a consequência da política tarifária de Trump se repita no Brasil, afetando o Canadá, o México e a Europa.

11/07/2025 10:45

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A política de tarifas de Trump impulsiona a aprovação de governos impactados
(Imagem de reprodução da internet).

As múltiplas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), desde o início de seu segundo mandato, com a imposição de tarifas sobre importações de outros países, geraram um efeito colateral político: a tarifação aumentou a popularidade dos líderes que foram alvo dessas taxas – muitos deles de espectros partidários bastante distintos do de Trump.

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A oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Brasil tem buscado impedir que o presidente se aproveite da tarifação. Governadores indicados para concorrer à Presidência, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), atribuíram a Lula a responsabilidade pela imposição de uma tarifa de 50% à importação brasileira, anunciada por Trump na quarta-feira (9.jul.2025).

Em linha similar, Jair Bolsonaro (PL) declarou que a medida é consequência imediata do distanciamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade, o Estado de Direito e os valores que sempre nortearam nossa relação com o mundo livre, afirmou Bolsonaro em publicação em seu perfil no X.

Leia também:

Trump, em carta direcionada a Lula, relatou como justificativa a “perseguição” do governo brasileiro ao ex-presidente.

<h2Canadá

Em Canadá, com antecedência das eleições legislativas de abril, o Partido Liberal (centro-esquerda) de Mark Carney apresentava grande desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, sendo liderado pelo candidato conservador Pierre Poilievre.

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A política tarifária de Trump promoveu uma mudança na disputa eleitoral e garantiu ao Partido Liberal seu quarto mandato consecutivo. A argumentação em favor da indústria canadense teve um impacto significativo no eleitorado, resultando em boicotes a produtos americanos e sua substituição por itens canadenses, sempre que viável.

Em 10 de julho de 2025, Trump publicou uma carta direcionada a Carney informando que as importações do Canadá para os EUA seriam taxadas em 35%. Essa nova tarifa inclui produtos canadenses que ainda não estavam sujeitos a tarifas anteriores.

Em março, o governo Trump já havia imposto uma tarifa de 25% sobre automóveis e autopeças provenientes do Canadá. Em junho, determinou uma tarifa de 50% sobre as importações canadenses de aço e alumínio.

A carta a Carney faz parte de um conjunto de outras 22 comunicações semelhantes emitidas por Trump desde a segunda-feira (7 de julho de 2025). Entre os países notificados, está o Brasil, alvo da maior alíquota aplicada a um país entre os anúncios tarifários desta semana.

<h2México

A presidente do México, Claudia Sheinbaum (Morena, centro-esquerda), obteve resultados positivos com a política comercial da Casa Branca. Em fevereiro, após os primeiros anúncios de Trump sobre a aplicação de tarifas de 25% sobre o país vizinho, sua popularidade atingiu 80%.

Em novembro de 2024, a pesquisa da Buendía & Márquez, realizada para o jornal mexicano El Universal, indicou que a presidente possuía 74% de aprovação. O índice atingiu 77% em janeiro e subiu para 80% em fevereiro.

A pesquisa também indicou que 81% dos entrevistados acreditou que as declarações de Sheinbaum promoviam a união entre mexicanos, enquanto apenas 12% expressaram opiniões contrárias. Segundo o jornal, esse percentual subiu 10 pontos percentuais após a segunda posse de Trump nos Estados Unidos.

<h2Europa

Chefes de Estado do continente europeu também obtiveram vantagens com a alternância de imposições e a remoção de tarifas adicionais sobre suas importações.

Uma pesquisa Opinium, publicada pelo jornal The Guardian em março, indicou que a posição de Trump e a reação de Keir Starmer (Partido Trabalhista) elevaram a popularidade do primeiro-ministro em 10 pontos percentuais em um mês, durante o ápice da crise entre os EUA e o Reino Unido em relação às tarifas.

Os trabalhadores ascenderam à frente dos conservadores na confiança do público em questões como defesa, alianças internacionais e a reputação do Reino Unido no exterior, refletindo o efeito direto das políticas de Trump sobre a opinião pública em relação ao governo britânico.

Em junho, nos bastidores do G7, os dois líderes assinaram um acordo bilateral após as pressões do presidente americano. O acordo incluía cotas para exportação de aço e alumínio isentas de tarifas, a exportação para os EUA de até 100 mil carros do Reino Unido com uma tarifa de 10% (inferior à de 25% praticada anteriormente), além da eliminação de taxas para o setor aeroespacial do país europeu.

Uma pesquisa do Eurobarômetro de fevereiro, citada pela EuroNews, revelou que a UE alcançava seu maior índice de aprovação da série histórica: 74% dos entrevistados declararam que seu país se beneficiava da participação no bloco.

O resultado – o mais positivo desde que a questão foi inserida em 1983 – refletiu o apoio popular da UE, em um cenário geopolítico complexo, tanto por causa da política comercial de Trump quanto pela guerra na Ucrânia.

No final de fevereiro, Trump anunciou tarifas gerais de 25% sobre os produtos do bloco econômico. As tarifas foram suspensas e, desde então, EUA e UE têm negociado uma saída.

Trump chegou a ameaçar aplicar uma tarifa de 50%, e atualmente, os líderes da Europa avaliam diminuir algumas taxas sobre importações dos EUA para alcançar um acordo comercial com o país.</

Fonte por: Poder 360

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.