A Polícia Federal alega que Júnior Mano é uma “figura estruturante de organização criminosa” no contexto de desvio de emendas parlamentares
Os pesquisadores apontam que ele emprega as emendas para fomentar “uso inadequado de recursos públicos e manipulação de processos eleitorais”.

A Polícia Federal considera que o deputado Júnior Mano (PSB-CE), principal alvo da Operação Under, desempenha o papel de líder de uma organização criminosa focada no desvio de recursos de emendas parlamentares destinados a pelo menos 51 municípios do sertão do Ceará. Os investigadores apontam que ele emprega as emendas para possibilitar o uso indevido de verbas públicas e a manipulação de processos eleitorais. A PF ressalta que o esquema envolvia a negociação de emendas com terceiros, em referência a outros parlamentares ligados ao deputado.
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Através de seu gabinete, na semana passada, quando a PF deu início à Operação Underhand, Júnior Mano afirmou que “reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probro da função pública”.
A autorização solicitada ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, para realizar buscas no gabinete e na residência do parlamentar, detalhou o comportamento de Júnior Mano: “A atuação do parlamentar ultrapassa a esfera meramente política, configurando-se como operador ativo de engrenagem criminosa”.
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O relatório demonstra o vínculo próximo de Júnior Mano com o prefeito Carlos Alberto de Queiroz, conhecido como Bebeto do Chorão, que está foragido há sete meses. A Polícia Federal recuperou conversas trocadas por meio do WhatsApp entre Bebeto e Adriano Almeida Bezerra, assessor especial de Júnior Mano.
Imposto
A identificação do assessor no celular é “Adriano Escritório Júnior”. “As mensagens revelam que o grupo autorizava a destinação de emendas parlamentares, inclusive de terceiros, para prefeituras previamente cooptadas mediante exigência de retorno financeiro na ordem de 12%”, diz a PF.
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O percentual era visto como um “imposto” ou “pedágio” pelos líderes da organização. A cobrança ocorria sobre os valores destinados, em uma prática institucionalizada de corrupção, conforme aponta o documento.
A Operação Underhand revelou os movimentos do grupo que detinha o poder, exercendo força em algumas cidades onde membros do Comando Vermelho, facção do crime sediada no Rio de Janeiro, espalharam o terror nos meses que precederam as eleições do ano passado. O CV teria agido sob encomenda do grupo de Bebeto do Chorão para intimidar e ameaçar candidatos concorrentes.
Tempo real
A investigação também aponta, com base na interceptação de ligações de alvos sem foro privilegiado no STF, que a organização atribuída a Júnior Mano era informada em tempo real da liberação de recursos e da expectativa de retorno financeiro, o que demonstra seu conhecimento e apoio aos ilícitos.
A Polícia Federal aponta, por sua vez, que existem indícios de que recursos provenientes do seu gabinete (do deputado Júnior Mano) seriam utilizados na compra de apoio político, no financiamento clandestino de campanhas e no pagamento de influenciadores e jornalistas.
O relatório dedica amplo espaço a Adriano, o assessor de Júnior Mano. “Ocupa posição estratégica dentro do grupo investigado, desempenhando papel de intermediador técnico e político nas operações de liberação de recursos públicos.”
A atuação do grupo criminoso revelou-se capaz de contaminar, no âmbito de vários municípios localizados no Estado do Ceará, a integridade dos processos eleitorais, comprometer a imparcialidade das licitações e contratações públicas, culminando no desvio de recursos públicos e, em situações de maior gravidade, provocar o enfraquecimento funcional e institucional da administração pública.
Ao se manifestar com a instauração da Operação Underhand, a PGR argumentou: “À medida que as apurações progredem, evidencia-se a existência de configuração criminosa complexa e articulada, caracterizada por múltiplos contextos delitivos conduzidos de forma descentralizada, nos quais diferentes agentes assumem operações autônomas ou parcialmente coordenadas.”
Com a palavra, o governo de Junho.
O deputado Júnior Mano não possui envolvimento em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. Como parlamentar, o deputado não exerce nenhuma função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e retifica seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício prodígio da função pública. Possui plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta.
Com informações do Estadão Contigo
Publicado por Nótaly Tenório
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.