A plataforma YouTube relaxa critérios de moderação e continua divulgando conteúdos que infringem suas políticas

A plataforma elevou em 50% a tolerância a vídeos contendo desinformação e ofensas, com a justificativa de “interesse público”.

11/06/2025 18:31

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A plataforma YouTube relaxa critérios de moderação e continua divulgando conteúdos que infringem suas políticas
(Imagem de reprodução da internet).

O YouTube ajustou sua política de moderação de conteúdo, permitindo a exibição de vídeos que infringem suas próprias regras, contanto que sejam classificados como de “interesse público”. A alteração foi implementada em dezembro de 2024, sem anúncio oficial, conforme consta em materiais de treinamento divulgados pelo The New York Times.

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Com a nova diretriz, vídeos com até 50% de conteúdo que viole as normas da plataforma podem permanecer disponíveis – o limite anterior era de 25%. A mudança abrange temas políticos, sociais e culturais, como eleições, pandemia, imigração, gênero e liberdade de expressão. Estão incluídos nesse grupo transmissões de audiências públicas, comissões, podcasts e debates.

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Apesar das mudanças, o YouTube não divulgou publicamente o novo critério de tolerância nem esclareceu como define o que é de interesse público ou quais limites considera aceitáveis para esse tipo de conteúdo.

Os documentos indicam que os moderadores devem manter os vídeos online em situações de dúvida. O raciocínio é que o valor da liberdade de expressão pode prevalecer sobre o risco de prejuízo. Sem acordo, a decisão cabe a autoridades – não há remoção imediata.

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A nova posição representa um afastamento em relação às diretrizes mais rigorosas implementadas durante a pandemia de Covid-19. Nesse período, o YouTube chegou a excluir vídeos com debates de autoridades e transmissões de câmaras municipais, sob a acusação de disseminação de desinformação médica.

Casos liberados

Os treinamentos apresentaram casos de vídeos que permaneceram disponíveis apesar das infrações. Constataram-se conteúdos com alegações falsas sobre vacinas, ataques a pessoas trans e comentários violentos direcionados a figuras públicas.

Um exemplo citado foi o vídeo “RFK Jr. desfere golpes devastadores contra vacinas que alteram genes”, que afirmava incorretamente que vacinas contra a Covid-19 modificam o DNA humano. Mesmo violando regras contra desinformação médica, o vídeo foi mantido por abordar declarações de Robert F. Kennedy Jr., Elon Musk e JD Vance.

Em 2025, nos três primeiros meses, o YouTube desativou 192.586 vídeos por conterem conteúdo ofensivo ou abusivo, representando um aumento de 22% em comparação com o mesmo período de 2024. A representante Nicole Bell afirmou que a empresa revisa as diretrizes seguindo o debate público.

“Reconhecendo que a definição de “interesse público” está sempre evoluindo, atualizamos nossas diretrizes para essas exceções a fim de refletir os novos tipos de discussão que observamos na plataforma hoje”, disse Bell em nota. “Nosso objetivo continua o mesmo: proteger a liberdade de expressão no YouTube enquanto mitigamos danos graves”, acrescentou.

Para o diretor do CCDH (Centro de Combate ao Ódio Digital), Imran Ahmed, a Meta já remove cerca de 277 milhões de conteúdos por ano. Com as novas políticas, esses conteúdos podem permanecer no ar, incluindo comentários como “negros são mais violentos que brancos”.

“Estamos observando uma disputa em direção ao ponto mais baixo”, afirmou Ahmed. Segundo ele, as transformações favorecem as empresas ao diminuírem os gastos com a contenção de conteúdo e ao manterem mais material disponível online, elevando o envolvimento dos usuários. “Não se trata de liberdade de expressão. É sobre publicidade, divulgação e, por fim, lucros.”

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.