A Organização das Nações Unidas afirma: cooperativas constroem um mundo melhor

Em 2025, o mundo demonstra maior interesse por um movimento que já transforma vidas diariamente: o cooperativismo. A Organização das Nações Unidas (ONU) designou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, considerando que este modelo de negócios é fundamental para responder aos desafios contemporâneos, como o combate à pobreza, a diminuição das desigualdades, o enfrentamento da crise climática, a promoção do trabalho digno e a garantia da inclusão econômica.

Isso ocorre por mérito, não por sorte. Originase de vivências concretas, como as de Solange, Carlos, Lucia e Evair, indivíduos que laboram diariamente em busca do sustento de suas famílias.

Lucia e Evair de Oliveira levantam-se cedo diariamente. A tarefa é árdua, porém, não abandonam o projeto que consideram ter um propósito e, sobretudo, um futuro. Por muito tempo, a produção artesanal de queijos permaneceu quase imperceptível: sem acesso ao mercado, sem assistência técnica e sem valorização. O talento e o esforço do casal e de diversas outras famílias da comunidade pareciam não ter espaço na economia formal. “Eles estavam quase desistindo porque não valia a pena”, recorda a filha, Geovana Silva Oliveira.

Leia também:

Pesquisa aponta que o desmatamento na Amazônia eleva o risco de ocorrência da malária

A cidade de SP demonstra um modelo de revitalização urbana e fomenta o interesse de investidores

A capital federal enfrenta um período de seca prolongado, com mais de 100 dias sem chuva

Algo evoluiu. Uma ação modesta, de união e cooperação, transformou completamente a realidade de São Roque de Minas, uma cidade pequena situada no Sudoeste de Minas Gerais, aos pés da Serra da Canastra, na região do Alto São Francisco. Com coragem, organização e apoio do movimento cooperativista, Lucia, Evair e outros produtores transformaram o pequeno negócio em potência. Formalizaram a produção, investiram em capacitação, criaram uma marca e atualmente comercializam seus produtos em todo o país.

A transformação é notável. Com o cooperativismo, a cidade evoluiu, as famílias prosperaram, os produtos se tornaram mais visíveis e novas oportunidades surgiram. Onde antes havia apenas a luta pela sobrevivência, hoje há protagonismo e dignidade. A comunidade se fortaleceu. “Eu descobri que um produtor sozinho não vale nada. Juntos, nós temos poder. Com o que conquistamos, meu neto, por exemplo, vai alcançar um mundo muito melhor que o meu”, relata Onélio Faria, produtor de café na região. “Praticamente São Roque inteiro é cooperativista”, complementa Beatriz Leite, aluna do Instituto Ellos de Educação, escola mantida por uma cooperativa educacional da cidade.

Narrativas como estas ocorrem em todo o Brasil. Do agricultor familiar no interior do Paraná à professora cooperada na Bahia; da jovem empreendedora que se junta a uma fintech cooperativa em São Paulo ao seringueiro que se organiza em uma cooperativa extrativista no Acre, da enfermeira que integra uma cooperativa de saúde em Minas Gerais ao grupo de catadores que encontra dignidade por meio de uma cooperativa de reciclagem no Rio Grande do Sul. Os exemplos se multiplicam e transformam realidades em todo o país, unidos por um modelo econômico que coloca as pessoas no centro e não à margem. Isso porque o cooperativismo é uma teia de conexões humanas que movimenta a economia real com base em valores como solidariedade, equidade, democracia e sustentabilidade.

O cooperativismo é um dos maiores e melhores motores de desenvolvimento de que o Brasil dispõe. Ele gera prosperidade com base na cooperação e promove um tipo de crescimento que não exclui, não concentra e não abandona ninguém. Destaca Mário Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, órgão de representação máxima das cooperativas no Brasil. Ainda segundo ele, “mais do que um modelo econômico, o cooperativismo é uma escolha de futuro. Um futuro que se constrói junto, com valores sólidos, inovação e compromisso com o bem comum. O que move o cooperativismo é a certeza de que ninguém se desenvolve sozinho”.

Expressão

O cooperativismo no Brasil é um movimento forte, com dados que demonstram sua força e potencial como modelo de negócios em expansão e que apoia o desenvolvimento das comunidades em todo o país.

Anuário do Cooperativismo Brasileiro

No setor, na cidade, na saúde, no crédito, na educação, no transporte, o cooperativismo está presente, realizando o que faz de melhor: transformar realidades com base na cooperação.

No setor, o cooperativismo produz com dignidade e fornece alimento para a mesa de milhões de brasileiros. Mais de metade da produção agropecuária nacional passa pelas mãos das cooperativas, sendo 70% desses cooperados do perfil de agricultura familiar. Com acesso à tecnologia, crédito, assistência técnica e canais de comercialização, muitos agricultores que antes estavam isolados e sem perspectivas agora têm voz, têm vez e têm futuro.

No sistema financeiro, o cooperativismo promove a inclusão e elimina barreiras. Mais de 20 milhões de brasileiros estabeleceram vínculos de confiança e proximidade nas cooperativas de crédito. Nelas, os resultados são distribuídos como excedentes, e cada membro é reconhecido, valorizado e parte integrante do grupo.

Na área da saúde, cooperativas atendem milhões de pessoas com estrutura descentralizada, valorização dos profissionais e atendimento de qualidade. Já em setores como transporte, infraestrutura, trabalho e habitação, o cooperativismo gera formalidade, proteção social e melhores condições de vida para quem tradicionalmente foi excluído do mercado.

O principal valor do cooperativismo reside na sua influência positiva na vida das pessoas. Ao agregar indivíduos em torno de objetivos comuns, as cooperativas criam laços de apoio, fortalecem comunidades e recuperam o sentimento de pertencimento e valorização. Elas promovem a prosperidade.

Reconhecimento

Em virtude disso, a ONU declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas. “As cooperativas evidenciam a força da união para lidar com desafios globais e promovem o desenvolvimento, combatem a pobreza, fortalecem a segurança alimentar, além de gerar oportunidades econômicas em mais de 100 países ao redor do mundo”. Continuou a incentivar os governos a reconhecerem e apoiarem esse trabalho transformador, afirmou o secretário-geral, António Guterres.

Essa iniciativa global ressalta a importância do modelo cooperativista como instrumento prático para impulsionar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A decisão também demonstra que, além do lucro, é viável desenvolver modelos de negócio fundamentados na cooperação, na equidade e no compromisso com as comunidades. Representa uma chance singular de promover políticas públicas e incentivar ainda mais indivíduos a participarem dessa transformação abrangente que o cooperativismo promove em escala mundial.

Muitos cooperados, como Solange, Carlos, Lucia, Evair e Onélio, podem não ter conhecimento dos ODS, mas, ao integrar uma cooperativa, eles contribuem diretamente para pelo menos 10 deles, abrangendo a igualdade de gênero, o trabalho decente, a redução das desigualdades sociais, o consumo e a produção responsáveis. Suas ações diárias representam um exemplo prático de que cooperar é uma forma concreta de transformar o mundo.

Sim, as cooperativas constroem um mundo melhor. Elas o fazem diariamente ao gerar oportunidades, proteger o meio ambiente, distribuir riquezas e fortalecer comunidades.

Cada nova cooperativa, cada novo cooperado, cada nova história de superação, agrega força a esse movimento coletivo que é, simultaneamente, econômico, social, político e profundamente humano.

Fonte por: CNN Brasil