Uma análise sobre o requerimento de responsabilização de Bolsonaro e seus associados pela ocorrência de um atentado à democracia.
A Procuradoria-Geral da República submeteu ao Supremo Tribunal Federal suas alegações finais, solicitando a condenação de Jair Messias Bolsonaro e de mais sete réus do denominado “Núcleo 1” da trama golpista. A manifestação representa a última etapa antecedente ao julgamento, com data prevista para setembro.
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No documento de 517 páginas, o procurador-geral Paulo Gonet caracteriza Bolsonaro como líder da organização criminosa e principal articulador e maior beneficiário do plano para um golpe de Estado em 2022. Solicita a condenação por cinco crimes graves: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. As penas acumuladas podem exceder 30 anos de prisão.
Estamos aqui. À beira de um julgamento histórico. Porque o Brasil não levou um único golpe — levou vários, em sequência, e cada um mais brutal que o outro.
A primeira foi a eleição de 2018. Um “jabber” rápido, sorrateiro, que atingiu milhões com correntes de WhatsApp e slogans embalados de verde e amarelo. Eleito não um estadista, mas um caudilho. Sem projeto de país, apenas de poder.
A segunda foi a gestão homicida da pandemia. Mais de 700 mil mortos. Necropolítica deliberada de um Estado que cultivou o descaso como método, promovendo remédios ineficazes, sabotando vacinas, celebrando aglomerações. Um golpe direto no povo, que tombava enquanto o chefe da nação dizia “não ser coveiro”.
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O terceiro golpe foi a mutilação calculada das políticas públicas. Educação, Ciência, Tecnologia e Saúde sangraram no tatame com cortes bilionários, decretados às vésperas das eleições.
O oitavo de janeiro, sujo e incompleto, marcou o ataque. A tentativa de destruição física das instituições democráticas: vidraças quebradas, obras históricas vandalizadas, móveis tombados. Um grupo desordenado buscando, de forma precipitada, impor o que não obteve através das urnas.
O dia 8 de Janeiro representou um choque para todos que acreditaram na mentira do “jacaré” e não se vacinaram; para aqueles que pensavam que votavam por “família” enquanto sepultavam seus mortos sem oxigênio. Foi um golpe na lembrança de quem ainda acredita em democracia.
Também se tratou de uma fuga covarde diante da situação: ao ridicularizar os envolvidos no 8 de janeiro com expressões como “pipoca e sorvete” para desviar a atenção, Bolsonaro buscou se apresentar como vítima internacional, buscando apoio de aliados como Trump, que respondeu com a imposição de tarifas punitivas ao Brasil. Transformou a diplomacia em zombaria e, com outra manobra de baixo calão, tenta evitar o golpe inevitável, deixando o país exposto a sanções e restrições – dessa vez, não deve evitar o confronto direto.
Como diz o ditado: “Quem bate esquece e quem apanha não esquece jamais”. É esperada a sabedoria popular fazer a verdade.
Podemos aplicar um golpe decisivo. Porque desta vez não estamos apenas competindo para vencer uma eleição ou acumular pontos. Estamos lutando para assegurar que o futuro não seja controlado por interesses e para demonstrar que, quando o povo decide lutar com sinceridade, não há atrocidade que resista.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.