A ONU adverte que os oceanos encontram-se em estado de emergência e que os líderes mundiais devem solucionar a situação

A Terceira Conferência dos Oceanos das Nações Unidas reúne quase 60 chefes de Estado com o objetivo de estabelecer uma política comum e mobilizar recursos para a proteção marinha.

09/06/2025 10:11

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A ONU adverte que os oceanos encontram-se em estado de emergência e que os líderes mundiais devem solucionar a situação

A Conferência dos Oceanos da ONU iniciou-se, na segunda-feira (9), na França, com seu secretário-geral, António Guterres, solicitando que o leito marinho não se torne um “faroeste” e criticando a política unilateral dos Estados Unidos. Esta terceira Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (Unoc), realizada em Nice, na costa francesa, reúne quase 60 chefes de Estado e de governo e visa alcançar um acordo sobre uma política comum e arrecadar recursos para a conservação marinha. A ONU declara que os oceanos encontram-se em estado de “emergência” e que os líderes reunidos em Nice devem tentar reverter a situação, considerando que as nações ainda discutem quais políticas adotar em relação à mineração em águas profundas, resíduos plásticos e pesca predatória.

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Entre os participantes desta reunião, patrocinada pela França e Costa Rica, estão o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu homóargentino, Javier Milei. Guterres expressou sua preocupação com o fundo do mar após o presidente americano Donald Trump abrir caminho para a mineração em águas profundas. Contudo, mantém esperança de uma mudança da “exploração a curto prazo para a gestão a longo prazo”. O anúncio de Trump, no final de abril, de que aceleraria a análise dos pedidos de exploração e extração de mineração fora da jurisdição de seu país, aumentou a urgência do debate internacional sobre a exploração dos fundos marinhos.

A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), com jurisdição sobre os fundos marinhos em águas internacionais, se reunirá em julho para debater a regulamentação da mineração em águas profundas. Guterres manifestou seu apoio a essas negociações e diversos países se opõem à mineração em águas profundas, uma chance que a França espera utilizar para obter apoio a uma moratória sobre a prática até que haja mais informações sobre seu impacto ambiental.

O leito marinho não está à venda.

O presidente francês, Emmanuel Macron, solicitou uma “mobilização” para proteger os oceanos. “O fundo do mar não está à venda, assim como a Groenlândia, a Antártida e o alto-mar”, declarou Macron, em referência a Trump, que almeja a Groenlândia, território autônomo estratégico da Dinamarca. “Acredito ser loucura promover ações econômicas predatórias que alterem o fundo do mar, a biodiversidade e a destruam (…) A moratória sobre a exploração do fundo do mar é uma necessidade internacional”, afirmou o presidente francês.

Os Estados Unidos não enviaram delegação a esta reunião, onde o presidente Lula denunciou a “ameaça do unilateralismo” que paira sobre o oceano. “Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional”, declarou Lula, que pediu ações claras da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos.

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A confirmação está “assegurada”.

A França assegurou que a cúpula trabalhará para a conservação dos oceanos, assim como o Acordo de Paris fez pela ação climática global na COP21 em 2015. Espera-se que as nações presentes adotem a “declaração final de Nice” para maior proteção dos oceanos. A França estabeleceu uma meta ambiciosa e espera garantir a ratificação de 60 países, permitindo que um acordo alcançado em 2023 se torne lei internacional. Macron declarou que a ratificação do tratado está “garantida”.

“Das 50 ratificações já depositadas aqui nas últimas horas, 15 países se comprometeram formalmente a aderir”, declarou Macron. A Presidência francesa, que não especificou a lista de países, indicou que isso acontecerá antes do final do ano. A entrada deste tratado em vigor é considerada crucial para atingir a meta globalmente estabelecida de proteger 30% dos oceanos até 2030.

As áreas marinhas protegidas abrangem, atualmente, apenas 8,4% da superfície total dos oceanos. Na reunião, espera-se que diversos países anunciem a criação de novas áreas marinhas protegidas ou a proibição de práticas como a pesca de arrasto em certas áreas. Conferências recentes da ONU têm enfrentado dificuldades para alcançar o consenso e o financiamento necessários para combater as mudanças climáticas e outras ameaças ambientais.

Foram convocadas manifestações pacíficas para o evento de cinco dias. Um total de 5.000 policiais foram mobilizados em Nice, que também contará com a participação significativa de cientistas, líderes empresariais e ativistas ambientais.

Com informações da AFP.

Fonte por: Jovem Pan

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.