A OMS adverte que o castigo físico causa prejuízos de longa duração à saúde infantil
A Organização Mundial da Saúde aponta sobrecarga nos sistemas nervoso, cardiovascular e nutricional, juntamente com alterações na estrutura e função cer…
Estudos de neuroimagem indicam que tais episódios de violência podem levar à diminuição do volume da massa cinzenta do cérebro, em regiões relacionadas ao desempenho cognitivo.
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Ademais, mencionam-se estudos que corroboram a ligação com questões de saúde mental – como depressão, baixa autoestima, transtorno de ansiedade, automutilação, abuso de álcool e drogas e tendências suicidas, que se mantêm na vida adulta.
A Organização Mundial da Saúde reconhece que se trata da forma mais frequente de violência contra crianças. Cerca de 1,2 bilhão de crianças entre 0 e 18 anos são submetidas a castigos físicos em residências anualmente. Em alguns países, a violência também ocorre em escolas ou outros locais.
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Bebês também são alvo.
A punição física também é frequente em crianças pequenas. Dados da UNICEF, reunidos neste relatório, indicam que 330 milhões de crianças com menos de cinco anos são punidas fisicamente regularmente anualmente – correspondendo à faixa etária considerada mais vulnerável por especialistas.
A violência causa um impacto negativo, independentemente da fase de desenvolvimento. No entanto, uma criança que sofre violência desde a infância, quando o cérebro está em seu maior desenvolvimento, isso reflete no cérebro. Assim, pode afetar a aprendizagem da criança e gerar altos custos em questões de saúde, explica Elisa Altafim, professora do Programa de Pós-graduação em Saúde Mental da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto. Ela também é uma das autoras de um documento sobre prevenção da violência contra as crianças do Núcleo Ciência pela Infância.
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Leis de proteção
Atualmente, 67 países possuem leis que permitem o castigo físico para crianças e o Brasil está entre eles. “Temos leis muito fortes. Isso nos ajuda, mas ainda temos um alto índice de violência. As violências que são notificadas, devido à subnotificação, demonstrada em vários relatórios”, afirma Elisa.
A professora acredita que, além da legislação, é necessária uma mudança cultural. “Temos muitas famílias que foram cuidadas e educadas por tapas e palmadas. Então, muitas vezes eles acabam utilizando as mesmas práticas nas quais eles foram educados. Virá um ciclo intergeracional de violência.”
Frequentemente, os pais recorem a agressões físicas, gritos e estratégias negativas durante momentos de raiva, devido à dificuldade em controlar suas emoções. Além disso, isso ocorre por falta de informação sobre o desenvolvimento infantil e por não conhecerem abordagens eficazes, segundo Elisa.
Ela destaca a relevância dos programas de parentalidade, disponibilizados atualmente por governos nos níveis federal e municipal. Trata-se de iniciativas que visam auxiliar os pais a adotarem métodos não prejudiciais. Essas ações contemplam diversas estratégias fundamentadas em evidências.
Elisa apresenta uma analogia pedagógica: “No passado, também não percebíamos a relevância, por exemplo, de empregar o cinto de segurança. Atualmente, já compreendemos. O mesmo se aplica à punição física. Anteriormente, não se tinham consciência das implicações. Hoje, já se sabe.”
As consequências podem, inclusive, ser econômicas. De acordo com o relatório da OMS, toda a violência contra crianças custa anualmente de 2 a 5% do PIB mundial. Além disso, a inação contra a violência escolar, incluindo o castigo corporal, custa cerca de US$ 11 bilhões em rendimentos perdidos ao longo da vida, segundo cálculo do Banco Mundial.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.












