A Nova Zelândia autoriza o uso terapêutico de psilocibina

Brasil se junta ao grupo de nações que reconhecem a psicoterapia com psicodélicos, ao lado de Austrália, Canadá e EUA.

24/06/2025 18:29

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A Nova Zelândia autoriza o uso terapêutico de psilocibina
(Imagem de reprodução da internet).

A Nova Zelândia recentemente incorporou-se ao grupo de nações que optaram por abordar os cogumelos mágicos com maior interesse científico do que apreensão ética. Comunicada na quarta-feira (18.jun.2025), a nova política possibilita a prescrição de psilocibina – a substância psicodélica encontrada nesses cogumelos – em contextos terapêuticos.

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Até então, a porta se abriu apenas parcialmente, apenas o psiquiatra Cameron Lacey, professor da Universidade de Otago, obteve autorização para prescrever a substância. Mas já é um começo.

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Lacey não é iniciante no tema, já trabalhou com a substância em estudos clínicos e, atualmente, atuará sob protocolos rigorosos de monitoramento e registros. A substância permanece sendo classificada como “não aprovada”, o equivalente a um “sim, porém com ressalvas”.

O anúncio foi feito pelo ministro associado da Saúde, David Seymour, que o classificou como “um verdadeiro avanço” e deixou evidente que o plano é, gradualmente, abrir inscrições para outros psiquiatras. No entanto, não espere resultados imediatos na farmácia da esquina, pois o processo permanece lento, cauteloso e burocrático, como adequado para uma substância que ainda gera mais debates no Parlamento do que nos consultórios médicos.

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O país, por sua vez, também decidiu simplificar o acesso à melatonina, o hormônio do sono que já está amplamente disponível em diversos locais. Indica uma intenção do governo de adequar o ritmo da saúde mental, incluindo métodos menos tradicionais, mantendo o controle da condução.

Na esfera internacional, a Nova Zelândia não atua isoladamente. A Austrália concedeu autorização similar em 2023. Na Suíça, há sempre um avanço antecipado, o uso terapêutico de LSD, MDMA e psilocibina é legalizado desde 2014. No Canadá, o uso médico é permitido em condições muito específicas. E nos Estados Unidos, onde a política de drogas é um mosaico em constante rearranjo, estados como Oregon, Colorado e Novo México já liberaram o uso terapêutico em ambientes licenciados. Minnesota e Massachusetts seguem atrás.

Em Gisborne, a Rua Bioscience conduziu um estudo-piloto em colaboração com uma comunidade Māori, aplicando extratos naturais de psilocibina no tratamento da dependência de metanfetamina. A iniciativa, denominada TÅ« Wairua, integra práticas culturais indígenas com a metodologia científica, uma aliança incomum entre tradição e inovação que está se tornando uma referência, em linha com o aumento do interesse pelas comunidades tradicionais e as demandas do movimento psicodélico global.

As sessões incluem preparação espiritual, aplicação clínica e integração comunitária, sob avaliação de pesquisadores do Rua e do Mātai Medical Research Institute. Atualmente, os resultados preliminares sustentam o progresso para testes clínicos formais e também auxiliam na definição técnica da nova regulamentação.

Especialistas consideram a decisão um marco importante, um avanço que posiciona o país em uma rota alternativa para o tratamento de depressões resistentes. Uma abordagem terapêutica que não busca competir com os antidepressivos convencionais, mas propõe outra alternativa, menos química, mais profunda e, até o momento, muito mais controlada.

A Nova Zelândia transmite a mensagem de que psicodélicos não são tendência passageira, nem causa de pânico moral. Na realidade, quando aplicados corretamente, se tornam ferramentas terapêuticas fundamentadas em evidências científicas. Resta observar se outros profissionais buscarão validação, e se a experiência pode ser repetida sem incorrer no risco constante de se transformar em mera paródia do potencial que possui.

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.