A morte de Charlie Kirk revela a intensa polarização política nos EUA

O ativista de extrema-direita encarnou uma forma vigorosa do conservadorismo, atraindo jovens eleitores para apoiarem Donald Trump; sua morte acentua as…

11/09/2025 14:04

5 min de leitura

A morte de Charlie Kirk revela a intensa polarização política nos EUA
(Imagem de reprodução da internet).

A sessão na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que deveria ser de silêncio em razão do assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, transformou-se em gritos e acusações. Com a disseminação da notícia do atentado, na tarde de quarta-feira 10, parlamentares discutiam sobre como e por que homenagear o líder da ultradireita jovem americana.

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O presidente da Câmara Republicana, Mike Johnson, ordenou silêncio, ao mesmo tempo em que um membro da casa gritava: “Aproveite uma lei sobre armas!”. Alguns democratas questionaram por que outros assassinatos não recebiam a mesma atenção, voltando a usar palavras ofensivas e fazer acusações sobre a politização de tragédias.

Antes da identificação do atirador, personalidades de direita estavam retratando o ocorrido como uma ação mais ampla da esquerda contra o conservadorismo.

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A influenciadora de ultradireita Laura Loomer defendeu em sua conta no X a “repressão da esquerda com a força total do governo”. Ela afirmou: “Todos os grupos de esquerda que financiam protestos violentos devem ser fechados e processados, sem qualquer clemência”.

Elon Musk, o bilionário proprietário da rede social X, ex-aliado e atual adversário de Trump, afirmou: “A esquerda é o partido do assassinato”.

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Contato íntimo com Trump

O cofundador da organização conservadora Turning Point USA, Kirk, de 31 anos e forte apoiador do presidente Donald Trump, foi vítima de um atentado durante um discurso em Orem, Utah. A razão do incidente é incerta e a busca pelo responsável prossegue.

A principal suspeita aponta que o atirador se encontrava em um edifício a aproximadamente 200 metros da vítima. Duas indivíduos foram detidos após o incidente, sendo posteriormente libertados após interrogatórios.

Trump mantinha uma relação próxima com Kirk, cuja popularidade entre jovens conservadores foi fundamental para atrair apoio de uma nova geração de eleitores. Kirk também era amigo próximo de diversas pessoas do círculo mais próximo do presidente, incluindo seu filho mais velho, Donald Jr. Circulam informações sobre que ele exercia influência em indicações para cargos no governo.

Kirk era reconhecido por seu discurso, que abordava temas como raça, gênero, imigração e controle de armas, e frequentemente utilizava esses eventos para estimular debates ao vivo com os participantes.

Ao ser atingido, Kirk – um defensor veemente do direito de porte de armas – estava sendo interrogado por um espectador acerca da violência armada, conforme diversos vídeos do evento disponíveis online.

Trump afirmou, em vídeo do Salão Oval, que o incidente foi resultado de uma “retórica exagerada” de “lunáticos radicais de esquerda”, que, em sua visão, constituem uma ameaça existencial aos Estados Unidos. Ele atribuiu a responsabilidade à mídia e à “esquerda radical” pelo uso da linguagem em relação a Kirk.

Trump afirmou que a violência e o assassinato são resultado trágico de demonizar indivíduos com quem se discorda, de forma odiosa e desprezível, dia após dia e ano após ano.

Profundidade política

O ex-presidente Barack Obama manifestou uma resposta mais branda. “Ainda não sabemos o que levou à pessoa que atirou e matou Charlie Kirk, mas esse tipo de violência inaceitável não tem espaço em nossa democracia”, declarou em comunicado.

As diferentes posições sobre a morte de Kirk evidenciam o aprofundamento da divisão política nos Estados Unidos, assim como ocorreu nas duas tentativas de assassinato contra Trump no ano anterior.

Ruth Braunstein, professora de sociologia da Universidade Johns Hopkins que estudou Kirk e a direita americana, declarou à agência Reuters que o ataque tem o potencial de intensificar as tensões políticas já elevadas no país.

É, obviamente uma tragédia em nível pessoal, mas também tem a capacidade de intensificar ainda mais um cenário político, onde o clima já é bastante elevado. Essa é uma possibilidade concreta e um risco real.

Período marcado por conflitos e disputas políticas.

O aumento da desconfiança e do ódio dos norte-americanos em relação aos seus adversários políticos está associado a um incremento de agressões e ameaças.

Uma nova pesquisa da Reuters aponta que o ataque a Kirk representa o período mais extenso de violência política nos EUA desde a década de 1970. Consta de 300 incidentes de violência motivados por ideologias políticas, abrangendo todo o espectro ideológico, desde que os seguidores de Trump invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Registrou-se, entre outros eventos, o ataque incendiário contra Josh Shapiro, governador democrata da Pensilvânia; a tentativa frustrada de sequestro contra Gretchen Whitmer, democrata de Michigan, e outro plano para assassinar Brett Kavanaugh, juiz da Suprema Corte. Em 2022, um indivíduo invadiu a residência de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Representantes, e agrediu seu cônjuge com um martelo. Em junho, uma parlamentar estadual de Minnesota e seu companheiro foram vítimas de homicídio em sua casa.

Trump sobreviveu a duas tentativas de assassinato, uma em julho de 2024 que resultou em um arranhão na orelha durante um evento de campanha e outra, dois meses depois, frustrada por agentes federais.

O deputado Steve Scalise, o segundo republicano mais importante na Câmara dos Representantes, que sobreviveu a um tiroteio em 2017, declarou: “Não há desculpa para a violência política em nosso país, isso tem que acabar”.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.