A mídia europeia reage à condenação de Bolsonaro

A decisão judicial que determinou 27 anos e 3 meses de prisão para o ex-presidente figura como destaque nas principais notícias de jornais franceses, es…

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(Imagem de reprodução da internet).

O Processo Judicial de Maior Relevância do País

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sete aliados causa grande impacto na mídia francesa e europeia. A notícia da sentença de 27 anos e três meses de prisão aplicada ao ex-presidente brasileiro figura entre as principais manchetes nesta sexta-feira, 12, em diversos jornais de diferentes nações.

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“Um julgamento histórico”, diz o título de “prisão, morte ou vitória”, embora o ex-presidente sempre excluísse a primeira delas. “Mas a história decidiu o contrário e lhe deu uma resposta incisiva”.

O Le Monde também destaca a declaração da ministra Cármen Lúcia ao justificar seu voto. “A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com o seu passado, o seu presente e com o seu futuro.” Para o jornal, “ninguém pode duvidar do significado histórico deste veredicto, que pode muito bem ser a peça que faltava para a consolidação da democracia no maior país da América Latina.”

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O Libération publicou sua reportagem com uma imagem da celebração da condenação de Bolsonaro por opositores em Brasília. O periódico destaca a intensa polarização da sociedade brasileira, apontando que 53% da população acredita que o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, apenas aplicou as leis, enquanto 39% consideram que o magistrado agiu por motivações políticas.

O Le Figaro recorda que o julgamento também gerou uma crise diplomática sem precedentes entre o Brasil e os Estados Unidos. “Denunciando uma caça às bruxas contra seu aliado de extrema-direita, o presidente americano, Donald Trump, impôs sobretaxas punitivas de 50% sobre grande parte das exportações brasileiras”, publica o jornal. O diário também destaca que Washington cancelou os vistos de diversos ministros do STF e aplicou duras sanções ao ministro Alexandre de Moraes.

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O El País afirma que evidências indicam que o ex-presidente recrutou pessoas de sua total confiança para desenvolver um plano com o propósito de permanecer no poder, mesmo após a derrota nas eleições de 2022.

Reitera que essas ações envolveram a anulação do sistema eleitoral, a ameaça ao Poder Judiciário, a denúncia de uma fraude inexistente, o planejamento do assassinato de altas autoridades do Estado, a elaboração de um esboço para a suspensão das eleições e a tentativa de recrutamento da liderança das Forças Armadas para que participassem do plano.

O The Guardian ressalta a atuação de uma figura política “responsável pela destruição ambiental, centenas de milhares de mortes por Covid e ataques a minorias”. Contudo, lembra que o movimento político que a fundou permanece “muito vivo” e que seus apoiadores não cessarão seus esforços para libertá-lo da prisão.

A matéria, assinada pelo correspondente do The Guardian no Brasil, Tom Phillips, aponta como prováveis estratégias a tentativa de eleger um grande número de senadores de direita nas eleições do próximo ano, que poderiam iniciar processos de impeachment contra membros do Supremo Tribunal Federal considerados contrários a Bolsonaro.

O Corriere della Sera utiliza um tom sarcástico ao comparar o julgamento de “Trump dos Trópicos” a uma combinação de programa de televisão e telenovela. “Nunca antes o Brasil, emergindo de uma ditadura brutal de vinte anos, há apenas quarenta anos, havia levado um líder a julgamento sob a acusação de golpe de Estado”, afirma. Contudo, o diário recorda que Bolsonaro irá recorrer e seus aliados políticos já atuam para aprovar uma anistia no Congresso.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.

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