A Lei Magnick é o veneno que se absorve, aguardando que o indivíduo responsável sofra as consequências
Em meio à busca por autopromoção, Trump parece direcionar seus esforços não a Moraes ou Lula, mas sim a Bolsonaro e a possibilidade de recuperar o apoio…
Afirmam que a ira é um veneno que consumimos na expectativa de que o outro sofra a morte. Essa parece ser a lógica por trás da aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.
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A legislação visa aplicar sanções financeiras a indivíduos ligados à Casa Branca por graves violações de direitos humanos. O comportamento de Moraes, segundo o secretário de Tesouro dos EUA, seria de responsabilidade por “uma campanha repressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos judiciais complexos com motivação política – inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
O secretário prossegue, afirmando que o Tesouro continuará responsabilizando aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos. Moraes, que não tem contas nos EUA, teve bloqueadas suas contas em bancos norte-americanos. Da mesma forma, ele não pode vender ou comprar de cidadãos ou empresas dos EUA. McDonald’s, agora, só na Avenida Paulista, não em Miami.
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A legislação recebe o nome pomposo de “pena de morte financeira”. Trump, que recentemente sancionou a medida tarifária, a utiliza para fortalecer a Doutrina Monroe, que no século XIX afirmava que o continente americano deveria estar sob a proteção dos Estados Unidos – em particular a América Latina, que no século seguinte enfrentou sucessivos golpes financiados por seu vizinho do norte.
O secretário de Tesouro acusa Moraes de realizar uma “caça às bruxas” ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos e do Brasil. Um leigo poderia imaginar que Moraes, em vez de ministro do STF, seria presidente da República ou, no máximo, diretor da Prisão de Guantánamo. “Caça às bruxas”, aliás, era uma expressão comum no início da Guerra Fria, quando, nos EUA, a paranoia macartista perseguiu desde comunistas a pessoas minimamente críticas ao governo.
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Não se conhece quais cidadãos ou empresas Moraes atacou, prendeu ou destruiu. No entanto, sabe-se que o ex-presidente Jair Bolsonaro é preposto voluntário de Trump, a quem dedica uma fiel e apaixonada fidelidade. Também é certo que o ex-capitão, uma vez no Executivo, aceitaria, alegremente, incendiar tudo para agradá-lo, bem como para salvar sua pele. Basta observar a disposição de Eduardo Bolsonaro em sacrificar a vida dos brasileiros para beneficiar o pai.
Paralelamente, o bolsonarismo apresenta-se fragmentado entre seus defensores mais radicais, apoiadores do amparo, aqueles que utilizam o silêncio como tática – como Tarcísio –, e os que, em certa extensão, reconhecem a natureza desordenada da empreitada bolsonarista, como Teresa Cristina, ex-ministra vinculada ao agronegócio que resgatou o mito do bolsonarismo brandido.
O homem orgulhoso acredita que o mundo é seu lar, afirmou José Martí. Na fogueira da vaidade, Trump não visa a Moraes ou Lula, mas sim Bolsonaro e a possibilidade de recuperar o espaço que perdeu em 2022.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.












