A interrupção do uso de aspirina após infarto não é recomendada, segundo estudo brasileiro

A interrupção do tratamento medicamentoso diminui os sangramentos, contudo, não impede novos eventos como infarto, acidente vascular cerebral e trombose…

31/08/2025 11:18

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A interrupção do uso de aspirina após infarto não é recomendada, segundo estudo brasileiro
(Imagem de reprodução da internet).

A investigação brasileira revelou que a interrupção do uso de aspirina nos primeiros meses após um infarto não é segura, podendo elevar o risco de um segundo infarto, acidente vascular cerebral e trombose. O estudo foi conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein e se destaca no congresso anual da European Society of Cardiology (ESC), realizado em Madri, Espanha, e encerrado nesta segunda-feira (1º).

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O estudo NEO-MINDSET monitorou 3.400 pacientes com síndromes coronarianas agudas durante 12 meses, investigando a segurança de interromper o uso de aspirina após a realização de angioplastia com stent – um procedimento minimamente invasivo que visa desobstruir artérias –, mantendo apenas um medicamento antiplaquetário (utilizado para prevenir a formação de coágulos sanguíneos).

Em caso de infarto, ocorrem a formação de placas de gordura nas artérias e, por vezes, a formação de coágulos, obstruindo a passagem de sangue para o coração. Dessa forma, é necessário desobstruir imediatamente a artéria para restabelecer o fluxo sanguíneo para aquela região, explica Pedro Lemos, diretor da Cardiologia do Einstein Hospital Israelita e autor sênior da pesquisa CNN.

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Pode ser realizado por meio farmacológico, com um medicamento que dissolva o coágulo, porém o tratamento mais eficaz é a realização da desobstrução com o implante de stent, para possibilitar a passagem completa do sangue.

Após a obstrução da artéria com stent, é necessário evitar a formação de um novo coágulo na região do coração. Para isso, utilizam-se medicações que afinam o sangue, segundo o especialista. Atualmente, o tratamento padrão após um infarto combina aspirina com outro antiplaquetário, uma metodologia chamada dupla antiagregação plaquetária. Contudo, como a aspirina pode elevar o risco de sangramentos, existiam dúvidas sobre sua continuidade.

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Pesquisas anteriores sugeriam a possibilidade de interromper o uso de aspirina após alguns meses, com um período inicial de duplo antiagregação. Contudo, não se sabia se essa retirada poderia ser feita logo após o infarto. Atualmente, os resultados do estudo do Einstein comprovam que, em geral, manter a dupla terapia desde o início é mais seguro, fortalecendo o protocolo tradicional e impactando as práticas médicas globalmente.

Qual foi o resultado do estudo?

O estudo demonstrou que o início precoce da administração de aspirina – isto é, logo após o infarto – ocasionou uma diminuição notável nos sangramentos, com uma taxa de 2% no grupo que não empregou o medicamento, em contraste com 4,9% no grupo que continuou a terapia combinada.

Contudo, a modificação no protocolo padrão não assegurou a proteção contra eventos cardiovasculares graves, como infarto, acidente vascular cerebral ou necessidade urgente de revascularização. De acordo com o estudo, o grupo que não utilizou aspirina apresentou um risco 7% superior de ocorrência desses eventos, em relação a 5,5% no grupo que manteve o uso.

Adicionalmente, o número de casos de trombose de stent – uma complicação grave desse tipo de procedimento, caracterizada pela formação de um coágulo sanguíneo em um stent coronário – pareceu ser maior entre os pacientes que não receberam aspirina: 12 casos entre os que não usaram o medicamento, contra 4 no grupo que manteve o uso.

“O que observamos é que, de maneira geral, a suspensão precoce da aspirina, logo após o infarto, não é tão benéfica quanto mantê-la por 12 meses”, afirma Lemos. “Um dos tipos de reinfarto é a trombose de stent. Então, resumindo: quando retiramos a aspirina, não ficamos tão protegidos quanto quando damos as duas medicações”, completa.

A pesquisa foi conduzida em colaboração com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), e contemplou 50 hospitais de diferentes regiões do Brasil, sendo a maioria dos pacientes envolvidos no Sistema Único de Saúde (SUS).

A publicação no New England Journal of Medicine e a seleção como destaque no principal congresso de cardiologia do mundo reforçam a maturidade da pesquisa clínica conduzida no Brasil. Trata-se de uma contribuição relevante para a prática médica global, que projeta a cardiologia e a ciência médica brasileira no geral em um cenário de excelência científica internacional, afirma Luiz Vicente Rizzo, diretor-executivo de Pesquisa do Einstein.

Fonte por: CNN Brasil

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