A França anunciará o reconhecimento do Estado da Palestina; EUA e Israel se opõem à decisão
O primeiro-ministro israelense e o secretário de Estado dos EUA afirmam que a decisão é “reforçar o terror” e desrespeita as vítimas do Hamas.

A França reconhecerá formalmente o Estado palestino na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2025, anunciou o presidente Emmanuel Macron, em 24 de julho de 2025. A decisão gerou reações negativas de Israel e dos Estados Unidos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Macron confirmou a intenção por meio de carta enviada ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e replicada em seu perfil no X. Segue a íntegra do documento, em francês (PDF – 160 kB).
Firmando seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina, afirmou o presidente francês. Ele disse que fará o anúncio solene na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro.
Leia também:

Trump considera que existe uma probabilidade de 50% de um acordo com a UE antes da imposição de tarifas

Milhares de torcedores do Corinthians deverão pagar R$ 501 mil em anuidades ao clube

Ministério da Justiça inaugura programa de educação sobre o Holocausto
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (Likud, direita), criticou a decisão. Ele afirmou que tal medida “recompensa o terror e coloca em risco a criação de outro representante do Irã”.
Netanyahu escreveu no X: “Um Estado palestino nessas condições seria uma plataforma de lançamento para aniquilar Israel – não para viver em paz ao seu lado.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou que o governo norte-americano “rejeita fortemente [o plano de Macron] de reconhecer um Estado palestino na assembleia geral da ONU”. No X, ele afirmou: “Esta decisão imprudente apenas serve à propaganda do Hamas e atrasa a paz. É um tapa na cara das vítimas de 7 de outubro [de 2023, data em que o Hamas atacou Israel]”.
A iniciativa francesa emerge como parte dos esforços do país para preservar a noção de uma solução de dois Estados. Funcionários franceses citados pela agência Reuters avaliavam essa medida há meses, tendo inicialmente planejado seu anúncio antes de uma cúpula que a França e a Arábia Saudita promoveriam em junho, com o objetivo de definir parâmetros para um Estado palestino.
A conferência foi adiada devido à pressão dos Estados Unidos e após o conflito entre Israel e Irã, que se estendeu por 12 dias. O encerramento do espaço aéreo regional prejudicou a participação de representantes de países árabes. O evento foi reagendado para os dias 28 e 29 de julho de 2025, com formato ministerial.
Em junho de 2025, os Estados Unidos declararam, em comunicado diplomático, sua oposição ao reconhecimento isolado de um Estado palestino. O documento sinalizou que tal ação poderia prejudicar a política externa dos EUA.
O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), manifestou ceticismo em relação a uma solução de dois Estados. Em fevereiro de 2025, ele sugeriu que o país assumisse o controle de Gaza. A proposta foi criticada por organizações de direitos humanos, nações árabes, palestinos e a ONU, que a rotularam como “limpeza étnica”.
Macron encontrou resistência de aliados, como o Reino Unido e o Canadá, em relação ao reconhecimento de Israel por parte da França. Autoridades israelenses trabalharam por meses para evitar o anúncio.
Fontes próximas ao assunto, ouvidas pela agência de notícias, revelaram que Israel alertou a França sobre possíveis retaliações, incluindo a redução no compartilhamento de inteligência e complicações nas iniciativas regionais francesas, com sugestões veladas sobre a anexação de partes da Cisjordânia.
O vice-presidente da Autoridade Palestina, Hussein Al Sheikh, agradeceu à França. Ele declarou no X que a decisão de Macron demonstrava o compromisso da França com o direito internacional e seu apoio aos direitos do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de nosso Estado independente.
Decidido a manter sua tradição de defender uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, a França irá reconhecer o Estado da Palestina. Realizarei essa declaração formal na Assembleia Geral das Nações Unidas, no próximo mês de setembro. A necessidade atual é que o conflito em Gaza pare e que a população civil receba assistência. A paz é possível. É imprescindível, urgentemente, um cessar-fogo, a libertação de todos os reféns e uma ajuda humanitária massiva para a população de Gaza. É preciso também garantir a desmilitarização do Hamas, assegurar e reconstruir Gaza. Por fim, é necessário construir o Estado da Palestina, garantir sua viabilidade e permitir que, ao aceitar sua desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, ele contribua para a segurança de todos no Oriente Médio. Não existe outra opção. Os franceses buscam a paz no Oriente Médio. É nossa responsabilidade, juntamente com israelenses, palestinos, parceiros europeus e internacionais, mostrar que isso é viável. Diante dos compromissos que o presidente da Autoridade Palestina assumiu comigo, escrevi-lhe, portanto, para manifestar minha determinação em prosseguir. Confiança, clareza e compromisso. Nós alcançaremos a paz.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.