A entrada de mercadorias da China alcança níveis históricos, e o governo sinaliza preocupação

O setor siderúrgico e o automobilístico são os mais vulneráveis à importação de produtos chineses; em relação ao aço, o governo prorrogou e analisa ações de proteção comercial.

07/06/2025 16:33

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A entrada de mercadorias da China alcança níveis históricos, e o governo sinaliza preocupação

A importação de produtos chineses no Brasil atingiu um volume recorde nos primeiros cinco meses do ano, o que motivou o governo a emitir um alerta e a reforçar as políticas de defesa comercial.

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A preocupação dos órgãos competentes do Brasil cresceu em relação à chance de desvio das exportações chinesas para o país, considerando os intensos conflitos comerciais entre Pequim e Washington.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, declarou que está examinando cuidadosamente as importações.

A indústria deve estar atenta para que essa tendência não resulte em um excesso de produtos sendo despejados no Brasil. Há um acompanhamento rigoroso das importações. Trata-se de uma defesa comercial completa. Não se trata de protecionismo, mas sim de proteção legítima, afirmou em evento realizado pelo setor industrial no final de maio.

De janeiro a maio, o Brasil importou US$ 29,5 bilhões em produtos chineses, em comparação com US$ 23,3 bilhões no mesmo período de 2024, representando um aumento de 26%.

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Houve uma queda de aproximadamente 10% nas exportações brasileiras para Pequim nesse período.

É importante ressaltar que, em fevereiro, o Brasil importou da China uma plataforma de petróleo avaliada em 2,6 bilhões de dólares. Esse tipo de compra isolada afeta diretamente o comércio exterior entre os dois países.

Devido a esse peso específico, o déficit comercial brasileiro atingiu US$ 300 milhões no mês.

Entre os produtos importados que totalizaram mais de 500 milhões de dólares nos cinco primeiros meses, os maiores incrementos foram observados em insumos químicos e fertilizantes, cujas compras dobraram, além de compostos organo-inorgânicos e compostos heterocíclicos, substâncias utilizadas na fabricação de medicamentos, defensivos agrícolas e aditivos industriais.

Apesar disso, esses itens não estão entre os que preocupam o governo federal. O foco de monitoramento está voltado, principalmente, para as importações de aço e veículos elétricos chineses – justamente as maiores demandas da indústria nacional em termos de proteção comercial.

A Anfavea tem tentado persuadir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para que avance o aumento da taxa de importação de veículos elétricos. A alíquota, que hoje é de 18%, passará a 35% em julho de 2026.

Os chineses têm insistido na necessidade de uma diminuição das tarifas. Até o presente momento, o governo não apresentou nenhuma reação.

A questão das importações de aço, uma preocupação antiga da indústria brasileira, intensificou-se após o governo do presidente Donald Trump aplicar tarifas de importação sobre o produto.

A atitude gerou preocupações de que a China buscasse outros mercados, como o Brasil, para desviar seu excesso de produção. O setor do aço, contudo, tem recebido atenção do governo.

Em junho, o Departamento de Defesa Comercial (Decom) do MDIC iniciou uma investigação sobre as exportações de 25 grupos de produtos siderúrgicos (classificados por NCMs, a nomenclatura comum do comércio exterior) da China. Trata-se da maior investigação já realizada na história do Decom em número de NCMs envolvidos.

A investigação, que visa identificar a prática de dumping, quando um país vende produtos no exterior a preços inferiores aos praticados internamente, foi oficializada no Diário Oficial da União na última segunda-feira (2).

Adicionalmente, em maio, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Mdic, optou por prorrogar a alíquota de 25% sobre o imposto de importação para 19 tipos de aço e estendeu-a para mais quatro códigos NCM. a taxação alcança 23 produtos e manterá sua vigência por 12 meses.

Qual o impacto da importação de aço da China na indústria nacional?

A grande quantidade de aço fabricado na China, frequentemente vendida a preços inferiores aos do mercado interno, torna os produtos importados mais baratos do que os nacionais. Esse fenômeno é denominado dumping.

Assim, empresas nacionais perdem competitividade, enfrentando dificuldades para vender, diminuindo a produção, eliminando postos de trabalho e, em situações extremas, encerrando unidades fabris.

Empresas de autopeças brasileiras que vendem uma tonelada de aço por R$ 6.500, mas o produto chinês custa R$ 5.500 (com qualidade semelhante), fabricantes de automóveis, eletrodomésticos e construção civil tendem a optar pelo mais econômico.

É justamente por isso que o governo impõe as tarifas de importação, como uma medida de proteção à indústria nacional, na tentativa de equilibrar a competição.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.