A empresa Lobo-Terrível busca “recriar” o pássaro gigante extinto

A Colossal Biosciences busca reintroduzir o moa gigante, ave da Nova Zelândia que sumiu há 600 anos.

09/07/2025 12:39

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A empresa Lobo-Terrível busca “recriar” o pássaro gigante extinto
(Imagem de reprodução da internet).

Uma espécie de ave gigante não voadora que vivia na Nova Zelândia sumiu há cerca de 600 anos, logo após a chegada dos primeiros colonizadores humanos às duas principais ilhas do país. Atualmente, uma empresa de biotecnologia sediada no Texas afirma ter um plano para reintroduzi-la.

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A startup de engenharia genética Colossal Biosciences incorporou o Dinornis robustus, também chamado de moa gigante da Ilha Sul – uma espécie robusta, de pescoço longo com cerca de 3 metros de altura e que possivelmente se defendia com chutes – a uma lista em rápida expansão de animais que a corporação pretende “recriar” através da modificação genética de seus parentes vivos mais próximos.

A empresa causou grande entusiasmo e também controvérsia ao anunciar o nascimento de três filhotes de lobo-guará em abril.

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A Colossal anunciou que conseguiu resgatar o predador canino, que não era mais visto há 10.000 anos, por meio de DNA antigo, clonagem e tecnologia de edição genética para modificar a composição genética do lobo cinzento, em um processo que a empresa denomina de “desextinção”. Esforços parecidos para recuperar o mamute lanoso, o dodô e o tilacino, também conhecido como tigre-da-tasmânia, estão em desenvolvimento.

A Colossal Biosciences anunciou na terça-feira (8) que colaborará com o Centro de Pesquisa Ngäi Tahu da Nova Zelândia, uma instituição baseada na Universidade de Canterbury em Christchurch, Nova Zelândia, que foi fundada para apoiar os Ngäi Tahu, a principal tribo Māori da região sul da Nova Zelândia.

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O projeto inicial contempla a recuperação e análise de DNA antigo de nove espécies de moa, buscando compreender como o moa gigante (Dinornis robustus) se distinguia de parentes vivos e extintos, com o objetivo de decifrar sua composição genética singular, conforme comunicado da empresa.

“Existe tanto conhecimento que será revelado e compartilhado na jornada para trazer de volta o icônico moa”, declarou Ben Lamm, CEO e cofundador da Colossal Biosciences, no comunicado. A empresa afirmou que pesquisar os genomas de todas as espécies de moa seria “valioso para informar esforços de conservação e compreender o papel das mudanças climáticas e da atividade humana na perda de biodiversidade”.

A Colossal, que arrecadou pelo menos US$ 435 milhões (mais de R$ 2,3 bilhões) desde sua fundação por Lamm e pelo geneticista da Universidade Harvard George Church em 2021, comprometeu-se a “um grande investimento” na Nova Zelândia, afirmou a empresa sem fornecer mais detalhes. Peter Jackson, o diretor neozelandês de “O Senhor dos Anéis”, que é um dos vários investidores de alto perfil na empresa, também está envolvido no projeto. Ele possui uma das maiores coleções privadas de ossos de moa, segundo a Associated Press.

Scott MacDougall-Shackleton, cofundador e diretor do Centro Avançado de Pesquisa Vinícola da Universidade Western em Ontário, no Canadá, afirmou que, considerando a extinção do moa nas últimas centenas de anos, há extensos ossos, fragmentos de casca de ovo e até penas que podem ser estudados. Ele não participou da pesquisa.

A principal razão para sua extinção é a caça excessiva e a mudança de habitat após a chegada dos povos polinésios à ilha, explicou por e-mail.

“Antes disso, havia muito poucos predadores”, declarou ele. “Este é um padrão para aves não voadoras em ilhas que possuem muito pouca defesa contra caça ou predação (como os dodôs).”

A proposta de resgaste de uma espécie como essa era “interessante do ponto de vista intelectual”, mas deveria ser uma baixa prioridade. “Se estamos preocupados com a conservação de aves insulares, há centenas de espécies ameaçadas e criticamente em perigo na Nova Zelândia, Havaí e outras ilhas do Pacífico que precisam de recursos de conservação com mais urgência.”

A Colossal, em seu projeto, anunciou que implementará iniciativas de restauração ecológica na Nova Zelândia, com foco na recuperação de áreas que poderiam ser habitats do moa, ao mesmo tempo em que apoia as espécies nativas presentes.

Diversos cientistas defendem que, apesar dos progressos dos pesquisadores da Colossal na área da engenharia genética, não é viável resgatar um animal extinto – qualquer tentativa só poderia gerar uma espécie híbrida geneticamente modificada. Os críticos afirmam que propor que a extinção pode ser revertida por meio da tecnologia compromete a importância da conservação de espécies e ecossistemas existentes.

O diretor executivo da Colossal, Lamm, afirmou a Fareed Zakaria, da CNN, no mês passado que a biotecnologia desenvolvida pela empresa será utilizada para auxiliar na recuperação de animais à beira da extinção, assim como de espécies que já desapareceram.

Ele explicou que a Colossal produziu duas ninhadas de lobos vermelhos clonados, a espécie de lobo mais criticamente ameaçada, utilizando uma nova abordagem menos invasiva de clonagem desenvolvida durante a pesquisa com o lobo-guará.

“Acredito que poderíamos ter um sistema escalável de desextinção que não substituirá a conservação, mas é um tipo de backup adicional que penso ser necessário, especialmente nestes casos críticos”, afirmou Lamm.

Scott Edwards, professor de biologia orgânica e evolutiva e curador de ornitologia no Museu de Zoologia Comparada da Universidade Harvard, manifestou seu entusiasmo pelo projeto, ainda que as técnicas necessárias para resgatar a moa gigante sejam distintas das utilizadas para o lobo-guará, devido ao desenvolvimento das aves em ovos, o que torna o processo mais complexo, conforme detalhou.

É importante que a ciência alcance as estrelas e, sim, eu entendo as preocupações éticas em trazer (essas aves) de volta, especialmente se não houver lugar para elas, disse Edwards, que não estava envolvido no projeto. Mas se funcionar, isso vai mostrar à humanidade o quanto nós perdemos.

Empresa busca reverter extinção de outros animais.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.