A dermatite atópica pode indicar alerta para outras doenças alérgicas

A ocorrência de sintomas na pele pode indicar o começo de um processo que se desenvolve com outras manifestações alérgicas ao longo da vida.

06/09/2025 4:34

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A dermatite atópica pode indicar alerta para outras doenças alérgicas
(Imagem de reprodução da internet).

Ao considerar a dermatite atópica, frequentemente se pensa em uma simples irritação da pele que provoca coceira, manchas vermelhas e descamação. No entanto, a realidade é muito mais complexa.

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Essa condição, cada vez mais comum em crianças e adultos, deve ser interpretada como um sinal de alerta: na maioria dos casos, ela representa parte de um processo mais extenso denominado “marcha alérgica”. Isso implica que, em diversas fases da vida, o organismo pode apresentar a alergia em órgãos distintos, como, por exemplo, inicialmente na pele, subsequentemente no nariz, nos pulmões ou no sistema digestivo, não necessariamente nessa sequência.

A marcha algérica e suas consequências.

A marcha alérgica descreve a progressão típica de manifestações que um mesmo paciente pode apresentar ao longo dos anos: dermatite, rinite, asma e, em alguns casos, alergia alimentar. Cada fase se assemelha a um “capítulo” da mesma história, no qual o sistema imunológico seleciona um órgão para expressar sua reação exagerada a substâncias comuns do cotidiano.

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A redução da dermatite atópica a um problema estético ou cutâneo é um equívoco. Ela é, na verdade, um marcador de risco para outras doenças. Estima-se que até 30% dos casos estejam relacionados à alergia alimentar, principalmente às proteínas. Identificar isso precocemente pode evitar que o quadro se agrave em problemas mais sérios.

Qual a razão para buscar o profissional adequado.

Muitos pacientes, em face das lesões, recorrem apenas a hidratantes ou pomadas indicadas por diversos profissionais. Apesar desses cuidados poderem amenizar a inflamação, não tratam a origem do problema. O especialista adequado para realizar essa investigação é o alergista, e não somente o dermatologista.

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O alergista pode realizar uma avaliação abrangente, investigando não apenas a pele, mas também o histórico familiar, possíveis alergias respiratórias e a relação com alimentos ou fatores ambientais. Quanto mais cedo essa avaliação for feita, maiores as chances de interromper ou minimizar a progressão da doença alérgica.

Não tratar acarreta consequências.

Não negligenciar a dermatite ou restringir-se a tratar apenas os sintomas pode acarretar consequências. Além do incômodo, as lesões podem provocar manchas brancas na pele, que frequentemente são confundidas com verminoses, causando preconceito e até mesmo situações de bullying em crianças.

A situação se agrava quando se permite que a doença siga seu curso natural, elevando a chance de a pessoa apresentar rinite crônica, exacerbações de asma ou alergias alimentares de difícil manejo.

Um aviso que não deve ser desconsiderado.

A dermatite atópica deve ser vista como um sinal do organismo. Não se limita a reduzir a coceira ou otimizar a aparência da pele, mas sim a evitar problemas futuros. O ideal é procurar aconselhamento especializado desde o início, para reconhecer estímulos, modificar costumes e, quando necessário, iniciar um tratamento específico.

Compreender a dermatite como parte de um conjunto de reações alérgicas permite que pais e pacientes adotem uma abordagem mais estratégica e atenta. O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado são cruciais para assegurar a qualidade de vida e evitar que uma questão de pele se desenvolva em uma série de enfermidades que poderiam ter sido evitadas.

Texto escrito pela alergologista Natasha Rebouças Ferraroni (CRM 13.749 DF | RQE 11230), médica doutora pela USP (Universidade de São Paulo) e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.