A ofensiva de Israel já ceifou a vida de pelo menos 58.667 indivíduos, em sua grande maioria civis.
A Defesa Civil de Gaza comunicou, no sábado, 19, que 26 pessoas faleceram e mais de 100 ficaram feridas devido a disparos israelenses nas proximidades de pontos de distribuição de assistência humanitária no território palestino, que sofre com mais de 21 meses de conflito.
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Mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza enfrentam a fome como resultado do conflito, iniciado pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
O porta-voz local da Defesa Civil, Mahmoud Basal, informou à AFP que 22 pessoas faleceram próximo a um ponto de distribuição a sudoeste de Khan Younis e outras quatro a noroeste de Rafah. Essa fonte atribuiu ambos os eventos a “disparos israelenses”. Cem indivíduos ficaram feridos nos incidentes.
De acordo com Basal, os ataques foram realizados nas imediações de áreas controladas pelo Fundo Humanitário de Gaza (GHF, sigla em inglês), que conta com o apoio dos Estados Unidos e de Israel.
Uma testemunha relatou à AFP que, antes do nascer do sol, seguia com cinco familiares a um desses centros no sul de Khan Younis para obter alimentos, quando “soldados israelenses” iniciaram a troca de tiros. “Meus familiares e eu não obtivemos nada”, declarou Abdul Aziz Abed, de 37 anos. “Todos os dias vamos lá e só recebemos balas”, lamentou.
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O Exército israelense, contatado pela AFP, declarou que estava investigando esses relatos.
A GHF iniciou suas operações no território no final de maio, após dois meses e meio de bloqueio estabelecido por Israel à entrada de toda a assistência humanitária, mesmo com os avisos da ONU e de organizações não governamentais sobre o risco iminente de fome.
No dia anterior, Basal informou que 10 pessoas faleceram, nove delas próximas a uma unidade do GHF, vítimas de disparos de militares israelenses nas regiões sul e norte do território.
A Organização das Nações Unidas e as principais organizações humanitárias se opõem à colaboração com o GHF, devido à alegação de que ele serve aos interesses militares de Israel e infringe princípios humanitários fundamentais.
Após semanas caracterizadas por cenas de caos e relatos quase diários de mortes na distribuição de assistência, o GHF identificou na quarta-feira a morte de 20 indivíduos em um incidente em uma de suas unidades.
Contudo, atribuiu a responsabilidade por um “tumulto caótico e perigoso” e ataques contra trabalhadores humanitários a “agitadores no meio da multidão”.
A ONU informou na terça-feira que contabilizou 875 mortes, ocorrendo desde o final de maio, sendo 674 “nas áreas próximas aos centros do GHF”.
Devido às restrições impostas à imprensa em Gaza e às dificuldades de acesso por terra, a AFP não pode verificar de forma independente as informações.
“Alertamos que centenas de pessoas, cujos corpos estão completamente emaciados, correm agora risco iminente de morte”, declarou Sohaib Al Hums, médico e diretor do hospital de campanha do Kuwait na área de Al Mawasi, em Khan Yunis.
Al Hums também declarou que suas equipes enfrentaram situações de “exaustão extrema” e “desnutrição grave” em razão da privação alimentar prolongada.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) também alertou na semana passada sobre um aumento preocupante da desnutrição aguda na região, mencionando níveis “sem precedentes” em duas de suas unidades.
O Papa Leão XIV, em contato telefônico com o primeiro-ministro israelense na sexta-feira, manifestou “preocupação com a situação humanitária da população de Gaza” e solicitou “a retomada dos negociações” para um cessar-fogo.
As negociações indiretas entre o Hamas e Israel para alcançar um cessar-fogo ficaram paralisadas na sexta-feira, após o braço armado do movimento palestino acusar o governo de Benjamin Netanyahu de impedi-las.
Em 7 de outubro de 2023, deflagrou-se a guerra, com combatentes do movimento islamista palestino Hamas realizando um ataque surpresa na região sul de Israel, resultando na morte de 1.219 indivíduos, em sua maioria civis, conforme apurado pela agência AFP com base em informações oficiais.
Israel ameaçou erradicar o Hamas e, em resposta, iniciou uma operação que resultou na morte de pelo menos 58.667 indivíduos, na sua grande maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, avaliados como confiáveis pela ONU.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.