A China não demonstra interesse em retomar a dependência da soja dos EUA

Larissa Wachholz ressaltou ao WW que chineses também demonstram preocupação com o volume de compras no Brasil.

11/08/2025 23:13

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(Imagem de reprodução da internet).

Ao conversar com pessoas na China, Larissa Wachholz percebe que não há interesse por parte dos chineses em retornar a depender da soja dos Estados Unidos como ocorreu anteriormente.

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Desde a primeira visita de Donald Trump ao cargo de presidente, os norte-americanos se mantinham como principais fornecedores de soja para a Ásia. A partir do início da primeira guerra comercial promovida pelo republicano, a situação se inverteu, sendo atualmente os EUA responsáveis por aproximadamente 20% da soja consumida pelos chineses, enquanto o Brasil responde por cerca de 70%.

O especialista do núcleo de Ásia do Cebri e sócia da Vallya Participações, Wachholz, informou ao WW na segunda-feira (11) que os chineses consideram que a diversificação de mercado foi resultado de um esforço e, por conseguinte, o país não demonstraria interesse em retornar a uma nova dependência.

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Wachholz também atuou como assessora especial do Ministério da Agricultura em relação à China.

Ela destaca que na relação entre os EUA e a China, houve uma perda de confiança em relação a “produtos tão essenciais como a soja”.

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Apesar das negociações que avançam lentamente, Washington e Pequim ainda não garantiram que as tarifas aplicadas mutuamente não retornarão a ser elevadas.

Trump comentou anteriormente sobre a relação comercial, solicitando que a China aumentasse em quatro vezes as compras de soja dos Estados Unidos. A medida ocorreu pouco antes do republicano prorrogar, por 90 dias adicionais, o encerramento temporário de tarifas para a China.

Wachholz, quando questionada sobre a ligação entre os dois movimentos, considera que ainda não se pode afirmar com certeza e que “tudo indica que não tenha sido”. Contudo, a especialista em negócios com a China não descarta que a soja esteja sendo utilizada pela Casa Branca como instrumento político nas negociações com os chineses.

A perda de espaço no mercado chinês colocou o produtor norte-americano em uma situação delicada, envolvendo agricultores de estados tradicionalmente republicanos.

Wachholz observa que o presidente Trump afirma que as tarifas são resposta a um déficit comercial, que é difícil de solucionar, devido aos altos volumes, e que os Estados Unidos possuem condições de exportar produtos agrícolas, sendo a China um grande consumidor.

Essa é uma espécie de produto que possui, na China, um mercado consumidor e poderia ser utilizado de forma política para um acordo. E as duas maiores economias do mundo precisam chegar a um acordo para diversas cadeias produtivas.

Se implementada, a demanda causaria prejuízos na história do Brasil: os EUA se tornariam o principal fornecedor para a China, embora a soja brasileira fosse mais competitiva devido ao preço, escala de produção e qualidade.

Contudo, Wachholz enfatiza que a dependência da China da soja brasileira não é de interesse dos chineses, evidenciando políticas públicas que o governo de Xi Jinping tem implementado para diminuir as compras do grão.

Durante uma viagem à China, em junho, fui informado por um representante brasileiro que, ao se encontrar com o presidente da Universidade de Agricultura da China, recebeu de Xi Jinping a tarefa de diminuir as importações de soja do Brasil. Há também preocupação por terem muitos ovos provenientes do mesmo fornecedor.

Brasil exporta petróleo, café e aeronaves para os Estados Unidos.

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.