A China expressou preocupações sobre possíveis riscos de segurança no chip de inteligência artificial H20 da Nvidia (NVDA.O), gerando dúvidas sobre as perspectivas de vendas da empresa americana no país, após a revogação de uma proibição de exportação dos Estados Unidos.
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O Governo Cibernético da China, órgão regulador da internet do país, manifestou preocupação com uma proposta dos Estados Unidos de que chips avançados comercializados no exterior sejam dotados de funções de rastreamento e localização.
A Nvidia foi chamada para uma reunião nesta quinta-feira (31) para esclarecer se o chip de IA H20 apresenta algum risco de segurança relacionado a backdoors – mecanismos que possibilitam acessos não autorizados –, devido a preocupações de que dados e direitos de privacidade de usuários chineses possam ser afetados.
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A Nvidia não forneceu resposta imediata à solicitação de comentário da Reuters.
Em maio, o senador americano Tom Cotton propôs uma legislação que determina que o Departamento de Comércio estabeleça mecanismos de verificação de localização para chips de inteligência artificial que estejam sujeitos a restrições de exportação, visando restringir o acesso da China à tecnologia de semicondutores avançada dos Estados Unidos.
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A Nvidia se encontra no cerne das relações entre EUA e China, e a ação chinesa ocorre logo após os EUA, neste mês, revidenciarem a anulação de uma proibição de abril que anteriormente impedia a venda do chip H20 para a China. A empresa desenvolveu o chip H20 para o mercado chinês após os EUA estabelecerem restrições à exportação de chips avançados de IA, no final de 2023.
Os chips da Nvidia tornaram-se descartáveis para a China. Tilly Zhang, analista da Gavekal Dragonomics, afirmou que eles podem ser facilmente utilizados em negociações.
A China, evidentemente, possui atualmente mais ousadia e capacidade de substituição doméstica em relação a anos anteriores, para não depender de tecnologia estrangeira.
Em julho, o diretor executivo da Nvidia, Jensen Huang, realizou uma visita pública e entusiasmada à China, buscando evidenciar seu compromisso com o mercado chinês, reuniu-se com representantes do governo e destacou os progressos do país em inteligência artificial.
A Administração do Ciberespaço da China não especificou os riscos de segurança associados a backdoors, nem divulgou quais medidas o governo chinês considerava adequadas.
Alta demanda
Charlie Chai, analista da 86Research, especializada em tecnologia e consumo, afirmou que o alerta de Pequim provavelmente foi uma atitude simbólica contra objeções semelhantes feitas por autoridades dos EUA.
Chai declarou que não se espera que Pequim estabeleça exigências excessivamente rigorosas ou introduza barreiras regulatórias que impeçam a Nvidia de operar na China, devido à necessidade contínua do país pelos chips da empresa para pesquisa e aplicações domésticas.
Os produtos da Nvidia são muito procurados não só por empresas de tecnologia chinesas, mas também por órgãos militares, institutos estatais de pesquisa em IA e universidades do país. Na semana passada, a empresa fez um pedido ao fabricante contratado TSMC para 300 mil chipsets H20 devido à forte demanda, segundo a Reuters.
As autoridades chinesas e associações da indústria já acusaram empresas de tecnologia dos Estados Unidos de representarem riscos de segurança, com diversas consequências.
No início de 2023, a China proibiu empresas importantes de infraestrutura do país de adquirir produtos da Micron, devido a uma análise que identificou sérios riscos de segurança nos produtos da fabricante norte-americana de chips de memória.
Em 2023, a Associação de Segurança Cibernética da China, um conjunto de empresas do setor, solicitou que produtos da Intel comercializados na China passassem por uma avaliação de segurança, porém os reguladores chineses não emitiram uma resposta pública sobre o assunto.
A Nvidia também está sendo investigada em âmbito antitruste na China. A Administração Estatal de Regulação do Mercado anunciou no final do ano passado que estava investigando a fabricante de chips por suspeita de infrações à lei antimonopólia do país.
A entidade reguladora declarou ainda que a Nvidia estava sob suspeita de infringir compromissos feitos durante a aquisição da desenvolvedora israelense de chips Mellanox Technologies, conforme os termos estabelecidos na aprovação condicional do acordo, em 2020.
Fonte por: CNN Brasil