A China exportou três vezes mais para os EUA do que importou no primeiro semestre, apesar das tarifas de Trump

Impostos alfandegários sobre a China atingiram 145% e estão sendo reduzidos; políticas para impulsionar o consumo interno funcionaram.

24/07/2025 16:17

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A China exportou três vezes mais para os EUA do que importou no primeiro semestre, apesar das tarifas de Trump
(Imagem de reprodução da internet).

No primeiro semestre, a China exportou quase três vezes mais do que importou dos Estados Unidos. As exportações da China para os EUA totalizaram 1,55 trilhões de yuan, o que equivale a US$1,2 trilhão, enquanto as importações dos EUA para a China somaram 530,35 bilhões de yuan, ou mais de US$41 bilhões.

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A China registrou, outrora mais uma vez, um superávit comercial com os Estados Unidos no valor de 1,019 trilhão de yuanos (US$170 bilhões).

A rodada de tarifas, que atingiu seus níveis mais elevados com a China (145%), foi criada com o objetivo declarado de “corrigir práticas comerciais que contribuem para grandes e persistentes déficits anuais do comércio de bens dos Estados Unidos”.

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O objetivo disso é expresso no nome da ordem executiva de Trump que criou os chamados “arancões recíprocos”. Após as rodadas de negociações de maio, os arancões mútuos foram reduzidos para 10%.

Posteriormente, Trump afirmou que os arancões totais sobre a China permaneceriam em 55%, adicionando os 20% impostos devido à questão do “fentanil”, dos quais os EUA culpam a China pela entrada no país de substâncias utilizadas na produção de opioides, e mais 25% já aplicados.

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O déficit comercial entre China e Estados Unidos no primeiro semestre deste ano representa uma queda em relação ao mesmo período de 2025, quando o saldo comercial foi de 1,14 trilhão de yuanos (US$170 bilhões). Em outras palavras, houve uma variação de -10,61%.

Contudo, o desempenho da China no primeiro semestre de 2025 demonstra uma realidade distante do que foi anunciado ou descrito pelo presidente dos Estados Unidos.

Em maio, Trump afirmou que a China estava “fazendo muito mal”. Pouco depois, ao anunciar sua primeira conversa com o presidente chinês Xi Jinping, o líder americano mudou de tom. “Não estamos procurando prejudicar a China. A China tem sido muito prejudicada. Estavam fechando fábricas, estavam tendo muita agitação e estavam muito satisfeitos em poder fazer algo conosco”, disse ele.

O economista Ding Yifang informou aos BdF que a retaliação da China contribuiu para a diminuição das exportações chinesas para os Estados Unidos.

A China reforçou o controle sobre as exportações de terras raras para os Estados Unidos, o que tem causado diversos problemas na indústria de manufatura americana, principalmente no setor de automóveis, explica Ding, pesquisador sênior do Instituto Taihe.

O economista também aponta que o comércio retomou o crescimento em junho, após a flexibilização das restrições à exportação de terras raras da China para os EUA e o veto às vendas de semicondutores para o país asiático, como resultado de negociações entre os dois governos em Londres.

De acordo com dados da Administração Geral de Alfândega, as exportações da China para os Estados Unidos em junho aumentaram 5,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior, e 1 ponto percentual em comparação com maio. Após uma queda em maio (-3,4%), as importações retomaram o crescimento, atingindo 1,1% em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Ainda é cedo para afirmar que o aumento das tarifas não alcançou seu objetivo de equilibrar exportações e importações com a China. Contudo, considerando que a redução tarifária permitiu a retomada do comércio bilateral em junho e, por outro lado, que os acordos não trazem novas concessões da parte chinesa (pelo menos até o momento público), não há motivos para esperar um cenário diferente ao final deste ano.

Queda no comércio com os EUA compensada pela diversificação do mercado.

O comércio entre os dois países diminuiu na primeira metade de 2025. As importações chinesas dos Estados Unidos caíram 7,7% e as exportações chinesas para os EUA despuseram-se 9,9%.

Os valores foram influenciados por uma queda expressiva no comércio no segundo trimestre: uma redução de 20,8%.

A redução do comércio com os Estados Unidos foi, em parte, compensada pelo comércio com os dois principais parceiros comerciais da China: a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e a União Europeia (UE).

Em 2020, a Asean tornou-se o principal parceiro comercial da China, ultrapassando os Estados Unidos e a União Europeia. Nos primeiros seis meses de 2025, a Asean representou 16,8% do comércio exterior total da China (3,67 trilhões de yuan, aproximadamente US$560 bilhões). As exportações aumentaram em 14,3% e as importações em 2,3%.

Na União Europeia, segundo principal parceiro comercial da China, houve um aumento no volume de comércio (3,5%) que somou 2,82 trilhões de yuan (US$310 bilhões), representando 12,9% do total.

As importações totais da China diminuíram 2,7%, em parte devido a uma queda acentuada de 20,8% no volume do comércio com os Estados Unidos no segundo trimestre de 2024.

As exportações da China cresceram, em geral, 7,2%. O comércio global da China com os países do BRICS também aumentou.

Em meados deste ano, as importações e exportações da China com outros membros do BRICS e países parceiros atingiram 6,11 trilhões de yuan (cerca de US$870 bilhões), um aumento de 3,9% em relação ao ano anterior, afirmou Lyu Daliang, chefe do Departamento de Estatísticas e Análise da Administração Geral de Alfândega, em uma conferência de imprensa na semana passada.

O componente de consumo interno na China.

O aumento do comércio com outros países e regiões foi um fator importante no desempenho econômico da China no primeiro semestre de 2025, contudo, a demanda interna foi o principal motor do crescimento.

O consumo foi o principal destaque. O governo chinês prosseguiu com uma estratégia lançada em 2024 para promover o consumo, que é o Plano de Ação para o Incentivo à Troca de Bens de Consumo.

De acordo com dados do Ministério das Finanças, o governo central destinou 81 bilhões de yuanos (US$12,5 bilhões) para esta campanha.

O programa oferece subsídios de até 20% para que pessoas troquem eletrodomésticos, veículos e outros produtos por modelos mais novos e com maior eficiência energética.

O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, afirmou que o programa de intercâmbio gerou mais de 2,9 trilhões de yuanos (US$320 bilhões) em receita de vendas de janeiro a junho deste ano, “beneficiando cerca de 400 milhões de participantes por meio de subsídios e diversos incentivos”.

Fonte por: Brasil de Fato

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.