A China considera que a questão da sucessão do Dalai Lama representa um “espinho” nas relações com a Índia

O líder budista reside em exílio no território indiano desde 1959, após uma revolta malsucedida contra a dominação chinesa no Tibete.

13/07/2025 10:01

3 min de leitura

A China considera que a questão da sucessão do Dalai Lama representa um “espinho” nas relações com a Índia
(Imagem de reprodução da internet).

A sucessão do líder espiritual tibetano, Dalai Lama, representa um ponto de tensão nas relações China-Índia, declarou a embaixada chinesa em Nova Délhi neste domingo (13), ao mesmo tempo em que o ministro das Relações Exteriores da Índia se prepara para sua visita à China, a primeira desde os confrontos letais na fronteira em 2020.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Antes das celebrações deste mês de seu 90º aniversário, que contaram com a presença de ministros indianos de alto escalão, o líder dos budistas tibetanos irritou novamente a China ao afirmar que ela não teve nenhum papel em sua sucessão.

A questão referente a Xizang representa um entrave nas relações China-Índia e constitui um ônus para a Índia. Utilizar a “carta de Xizang” certamente resultará em um revés para o próprio país, afirmou Yu Jing, porta-voz da embaixada chinesa, empregando o nome chinês para o Tibete.

Leia também:

Os tibetanos acreditam que a alma de qualquer monge budista experiente reencarna após sua morte, embora Pequim afirme que a sucessão do Dalai Lama também precisará ser aprovada por seus líderes.

O Dalai Lama reside em exílio na Índia desde 1959, após uma revolta malsucedida contra a dominação chinesa no Tibete, e especialistas indianos em relações exteriores sustentam que sua presença confere à Nova Délhi uma vantagem em relação à China.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Nepal também acolhe aproximadamente 70 mil tibetanos e um governo tibetano em exílio.

A representante declarou, na rede social X, que indivíduos de grupos estrategicamente importantes e de instituições de ensino superior na Índia proferiram “comentários inadequados” acerca da reencarnação do Dalai Lama.

Você não mencionou ninguém, mas, nos últimos dias, analistas de assuntos estratégicos indianos e um ministro do governo apoiaram as declarações do líder espiritual sobre sua sucessão.

“Como profissionais de relações exteriores, eles devem estar totalmente conscientes da sensibilidade das questões relacionadas a Xizang”, declarou Yu, utilizando o nome chinês para o Tibete.

A reencarnação e a sucessão do Dalai Lama são inerentemente um assunto interno da China.

A posição da Índia

O ministro Parlamentar e de Assuntos Minoritários da Índia, Kiren Rijiju, que se sentou ao lado do Dalai Lama durante as festividades há uma semana, declarou que, como budista praticante, acredita que somente o guru espiritual e seu gabinete possuem autoridade para decidir sobre sua reencarnação.

O Ministério das Relações Exteriores da Índia declarou, em 4 de julho, dois dias antes do aniversário do Dalai Lama, que Nova Délhi não adota posição nem se manifesta em relação a questões relacionadas a crenças e práticas de fé e religião.

O ministro das Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, participará de uma reunião regional de segurança sob a Organização de Cooperação de Xangai em Tianjin, na China, em 15 de julho, e conduzirá reuniões bilaterais concomitantemente.

Esta será uma das visitas de mais alto nível entre a Índia e a China desde que suas relações se deterioraram após um confronto letal na fronteira em 2020, que resultou na morte de pelo menos 20 soldados indianos e quatro chineses.

Em finais de mês passado, o ministro da Defesa da Índia dialogou com seu equivalente chinês na China, em paralelo a uma reunião de ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai.

Fonte por: CNN Brasil

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.