A China afirma à União Europeia que não aceita a derrota da Rússia no conflito contra a Ucrânia
O chanceler chinês afirmou que a vitória de Kiev possibilitaria que os Estados Unidos redorestassem o foco em Pequim.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, informou ao principal diplomata da UE que Pequim não tolera a derrota da Rússia na guerra contra a Ucrânia, uma situação que favoreceria o retorno da atenção dos Estados Unidos para a China, em desacordo com a posição pública de neutralidade do país no conflito.
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A declaração foi feita durante o que essa autoridade descreveu como uma reunião de quatro horas com a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, realizada na quarta-feira (2), em Bruxelas. O encontro teve trocas difíceis, mas respeitosas, abordando uma vasta gama de temas, de cibersegurança e terras raras a desequilíbrios comerciais, Taiwan e Oriente Médio.
De acordo com essa autoridade, os comentários privados de Wang indicam que Pequim pode preferir uma guerra prolongada na Ucrânia, que impeça os Estados Unidos de se concentrarem na rivalidade com a China. Isso reforça as preocupações de críticos da política chinesa, que afirmam que Pequim tem muito mais em jogo geopoliticamente no conflito ucraniano do que admite ao declarar uma posição de neutralidade.
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Na sexta-feira (4), em coletiva de imprensa, a porta-voz da China, Mao Ning, respondeu a perguntas sobre o incidente, inicialmente divulgado pelo South China Morning Post, reiterando a posição de Pequim em relação ao conflito de longa duração.
A China não está envolvida na questão da Ucrânia, afirmou Mao. A posição da China sobre a crise na Ucrânia é objetiva e consistente, ou seja, negociação, cessar-fogo e paz. Uma crise prolongada na Ucrânia não serve aos interesses de ninguém.
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Adicionalmente, declarou que a China almeja uma solução política o mais breve possível: “Em colaboração com a comunidade internacional e em consonância com a vontade das partes interessadas, prosseguiremos com um papel construtivo nessa área.”
As declarações públicas da China, contudo, ocultam um cenário mais complexo.
Antecipadamente à invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, o líder chinês Xi Jinping anunciou uma parceria “sem limites” com Moscou, e desde então os vínculos políticos e econômicos entre os dois países se intensificaram.
A China tem se mostrado como um mediador de paz, contudo, conforme a CNN já reportou anteriormente, os riscos são altos para Pequim – notadamente o de perder um parceiro estratégico relevante como a Rússia.
A China também tem se oposto às crescentes acusações de que estaria fornecendo apoio quase militar à Rússia. A Ucrânia sancionou diversas empresas chinesas por fornecerem componentes de drones e tecnologia utilizados pela Rússia na produção de mísseis.
Após um ataque recorde ao capital ucraniano, Kiev, na sexta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, publicou imagens que ele alegou serem fragmentos de um drone de combate Geran 2 lançado pela Rússia. Uma das fotos apresentava parte da suposta fuselagem do drone, com a identificação de que o aparelho foi fabricado na China em 20 de junho.
Sybiha acrescentou que, naquela noite, o edifício do Consulado-Geral da China em Odesa sofreu danos leves como resultado dos ataques russos à cidade. Não há metáfora melhor para mostrar como Putin continua a escalar sua guerra e seu terror, envolvendo outros, incluindo tropas norte-coreanas, armas iranianas e alguns fabricantes chineses. A segurança na Europa, no Oriente Médio e na região Indo-Pacífica está inextricavelmente conectada.
Em 2024, também surgiram alegações de que cidadãos chineses estariam lutando ao lado da Rússia na Ucrânia. Pequim negou qualquer envolvimento e reiterou pedidos anteriores para que seus cidadanos se abstenham de participar de ações militares de qualquer das partes.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Júlia Mendes
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.