A China acusa a Nvidia de infringir a lei antitruste e expande as investigações
A China afirma que a gigante americana de chips violou os termos de aprovação na aquisição da Mellanox Technologies e a lei antitruste do país.

A China realizará uma investigação mais detalhada sobre a Nvidia após uma análise inicial ter revelado que a gigante americana de chips infringiu a legislação antitruste chinesa, comunicou o órgão regulador de mercado chinês em um comunicado na segunda-feira (15).
A Nvidia também foi acusada de infringir os termos da aprovação condicional do regulador em relação à aquisição da empresa israelense de chips Mellanox Technologies. A China autorizou a aquisição em 2020.
A continuidade da investigação, que teve início em dezembro do ano anterior, se concretiza com a realização da quarta rodada de negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, em Madri.
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O secretário do Tesouro, Scott Bessent, que conduz as negociações nos Estados Unidos, declarou no domingo que as discussões estão avançando positivamente.
O governo Trump também exerceu maior pressão em antecipação às negociações.
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O Departamento de Comércio dos EUA listou na sexta-feira duas empresas chinesas de fabricação de chips na chamada Lista de Entidades, impedindo a GMC Semiconductor Technology Co. e a Jicun Semiconductor Technology de adquirir tecnologia de semicondutores dos EUA.
Apesar das negociações comerciais em curso, China e Estados Unidos têm se envolvido em contra-medidas mútuas, buscando obter vantagens a partir da situação de tensão.
Os Estados Unidos, por exemplo, restringiram em grande parte as exportações de equipamentos essenciais para a tecnologia de IA para a China, enquanto a China tem adiado os compromissos de fornecer minerais de terras raras utilizados em diversos equipamentos eletrônicos e de defesa.
A mais recente medida da China contra a Nvidia constitui uma ação significativamente mais agressiva e pode indicar aos Estados Unidos que as recentes promessas do governo Trump de abrir os chips da Nvidia para a China não são recebidas tão positivamente quanto a Casa Branca esperava.
China e Estados Unidos compartilham a convicção de que a inteligência artificial e os chips que a sustentam são elementos essenciais para a segurança nacional. Apesar da tecnologia chinesa ainda estar atrás da americana, o país está em processo de recuperação.
Em dezembro passado, Trump declarou ter concordado com um acordo envolvendo a Nvidia e a AMD, que comprometeram-se a pagar ao governo dos Estados Unidos 15% de suas receitas provenientes de vendas de semicondutores destinados à China, em contrapartida a licenças para exportar determinadas versões mais avançadas, embora simplificadas, de sua tecnologia.
O acordo poderia auxiliar o governo Trump a preservar a liderança dos Estados Unidos em IA, ao mesmo tempo em que progredia em suas importantes negociações comerciais com a China.
O diretor executivo da Nvidia, Jensen Huang, com quem Trump formalizou o acordo no Salão Oval no mês passado, passou a ser um visitante frequente na Casa Branca, em busca de promover seus interesses em comum. Huang tem agendado reuniões com Trump durante sua viagem à Inglaterra nesta semana.
A China busca reduzir sua dependência da Nvidia em semicondutores, investindo em alternativas domésticas.
Não há certeza se a China irá impor sanções à Nvidia. O órgão regulador do mercado chinês declarou que conduzirá uma análise mais detalhada da empresa. A decisão de seguir com as investigações se segue ao inquérito inicial, que teve início em dezembro.
A Nvidia foi considerada responsável por infringir os termos da aprovação cautelar do regulador para a aquisição da designer israelense de chips Mellanox Technologies, segundo comunicou a Administração Estatal de Regulamentação de Mercado da China, sem fornecer maiores informações.
A China autorizou a aquisição em 2020.
As ações da Nvidia registraram queda de 1,4% no pré-mercado após o anúncio.
Em abril, a Casa Branca impediu a exportação de determinados chips de inteligência artificial para a China, como os H20 da Nvidia e os MI308 da AMD.
Uma autoridade americana, citada pela CNN, afirmou que o acordo sem precedentes com o governo Trump no mês passado possibilita que as empresas obtenham licenças de exportação para retomar as vendas desses chips na China.
A Nvidia introduziu o chip H20 no ano passado buscando manter o acesso ao mercado chinês, que representou 13% das vendas da empresa em 2024, em face das restrições de exportação dos EUA implementadas pelo governo Biden.
Apesar de Trump ter facilitado o acesso de chips H20 à China no mês passado, permanece incerto se o país os receberá.
A venda de chips gerou preocupações de segurança para a China, segundo uma conta de mídia social ligada à mídia estatal chinesa, nos dias seguintes ao anúncio da Casa Branca de que permitiria a venda deles para o país.
É provável que a China esteja obtendo acesso a chips através do mercado negro.
Supõe-se que os chips H20 tenham impulsionado o DeepSeek, um modelo de IA chinês sofisticado que impactou o Vale do Silício com seu lançamento recente, gerando dúvidas sobre o nível de desenvolvimento da inteligência artificial na China.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.