A B3 observa impacto econômico imediato restrito e motivação política na taxa definida pelos Estados Unidos
Empresas como Embraer, WEG e Suzano são apontadas como as mais impactadas, conforme avaliação de analistas de investimento.

Analistas do BTG Pactual estimam que o impacto econômico direto da taxa anunciada pelos Estados Unidos na véspera sobre produtos do Brasil provavelmente será restrito, ainda que alguns segmentos ou produtos possam ser impactados de maneira desproporcional, conforme relatório encaminhado aos clientes nesta quinta-feira (10).
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A equipe de analistas, liderada por Carlos Sequeira, avaliou como “surpreendente” o anúncio do presidente Donald Trump, que determinou impor tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados para os EUA, excetuando aqueles já sujeitos a tarifas setoriais específicas, que manterão suas alíquotas atuais.
As tarifas adicionais divulgadas recentemente pela administração Trump, destinadas a outros parceiros comerciais dos EUA – baseadas em desequilíbrios comerciais –, parecem ter motivação política.
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Trump ligou a decisão ao tratamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado sob acusação de planejar um golpe de Estado.
Os analistas do maior banco de investimentos da América Latina apontaram que o Brasil representa aproximadamente 12% de suas exportações para os Estados Unidos, um volume considerado baixo.
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Ao examinar as exportações para os EUA em relação ao Produto Interno Bruto brasileiro, observou-se que essa porcentagem ainda é baixa, em torno de 1,7%.
Eles mencionaram o setor de produtos semimanufaturados de ferro e aço, indicando que 71,8% das exportações dessa categoria são direcionadas para os EUA, porém, destacaram que o segmento já está sujeito a tarifas setoriais superiores a 50%, sendo, portanto, imune ao anúncio.
A equipe do BTG mencionou que o setor de aeronaves respondeu por 63,2% das exportações enviadas aos EUA, materiais de construção representaram 57,9% e madeira e produtos de madeira, 43,2%.
Entre as empresas, destacaram Embraer, WEG e Suzano, como as mais impactadas. Para as companhias de petróleo, estimam que o efeito é restrito, assim como para a maioria das empresas do agronegócio, cujos produtos possuem menor relevância nas importações dos EUA.
De acordo com a avaliação da BTG, o confronto tarifário pode beneficiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026.
A base de apoio do governo no Congresso indica que o episódio pode fortalecer politicamente o presidente Lula, ao acirrar o confronto com seu adversário, sobretudo após as referências diretas do presidente Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Analistas políticos estimam que essa nova narrativa poderá aumentar a popularidade de Lula e reformular seu discurso em preparação para as eleições do próximo ano.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.