A arte de envelhecer — e permanecer relevante

O Vega Sicilia, da mesa do premiado primeiro-ministro britânico, demonstra que a paciência continua sendo um elemento fundamental no mundo do vinho.

11/08/2025 14:56

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A arte de envelhecer — e permanecer relevante
(Imagem de reprodução da internet).

Durante os tempos conturbados da Segunda Guerra Mundial, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill frequentemente se encontrava para jantar na embaixada espanhola em Londres, recebido pelo embaixador e duque de Alba, um parente distante. A frequência se devia à amizade, além da lendária adega e do talento do chef de cozinha.

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Em uma ocasião, Churchill degustou um tinto que lhe agradou muito. Sem consultar o rótulo, perguntou ao anfitrião qual vinho francês havia sido servido. O embaixador sorriu e identificou a garrafa: era um Vega Sicilia.

O Vega Sicilia é um dos vinhos mais renomados e caros da Espanha, com origens que datam de 1864, quando a família Lecanda y Chaves importou mudas de Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec da Borgonha e as plantou em conjunto com a uva espanhola Tempranillo, na região de Ribera del Duero. A variedade nativa se mostrou a que melhor se adequou ao solo local.

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O primeiro engarrafamento é motivo de debate, mas a consagração veio na Exposição Internacional de Barcelona de 1929, quando as safras de 1917 e 1918 receberam prêmios. Durante décadas, o rótulo permaneceu quase um segredo, reservado a um seleto grupo de amigos e clientes, o que só aumentou sua mistificação.

A história se transformou em 1982, quando a vinícola passou sob o controle da família Álvarez, que a administra até o presente. O Único é sua principal referência, sendo produzido apenas em safras excepcionais – em muitos anos, a produção é interrompida. As uvas são provenientes de vinhas com mais de 25 anos, e a safra de 1980 incluía, além do Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec e pequenas quantidades da uva branca Albillo, conforme recorda o crítico John Gilman em um texto onde degustou 20 safras do lendário vinho.

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Atualmente, o Ünico combina aproximadamente 95% de Tempranillo com Cabernet Sauvignon. A vinificação é meticulosa: cada um dos 81 lotes do vinhedo é fermentado separadamente em grandes tonéis de carvalho. O vinho amadurece, em média, dez anos na bodega, passando por barricas de diferentes idades, origens e tamanhos até atingir a integração perfeita entre fruta e madeira. Posteriormente, repousa por pelo menos três anos em garrafa antes de ser lançado. A própria vinícola fabrica suas barricas, selecionando carvalho americano seco naturalmente por no mínimo três anos, um detalhe que reforça a obsessão pela qualidade e ajuda a explicar por que esta marca se tornou uma lenda.

Atualmente, um vinho como este encontra espaço perante uma legião de consumidores que buscam vinhos cada vez mais jovens. “O Vega tem grande potencial para envelhecer, mas pode ser apreciado também mais jovem devido a como é vinificado. A flexibilidade na vinificação do Vega permite que seja apreciado mais jovem – juntamente com seu apelo clássico, ajuda a manter sua relevância”, afirma Diana Kelley, gerente regional para Américas da vinícola, que esteve há poucos dias em São Paulo em evento da importadora Mistral.

A participação da vinícola em eventos, o envolvimento nas redes sociais e a expansão para novos mercados e regiões, como a Hungria, e a parceria com a família Rothschild para o lançamento do Macán em Rioja, ilustram um esforço contínuo para se conectar com uma audiência diversificada e ampliar seus horizontes. O futuro lançamento de um Albariño em 2027, baseado na tradição de vinhos minerais da Galiza, reflete uma estratégia de inovação alinhada às tendências de consumo sem perder o toque clássico da vinícola. “O sucesso dos tintos fez muitos perguntarem quando faríamos um vinho branco na Espanha. Foram feitas experiências e agora em 2027 deverá ser lançado um albariño diferenciado”, destaca Diana.

Atualmente, 65% da produção da vinícola é exportada, com México, Estados Unidos e Suíça representando os três principais mercados. A guerra tarifária do governo Trump gera incertezas em relação às vendas.

Em um mundo que se acelera, a Vega Sicilia permanece fiel ao seu tempo, medido em décadas, não na pressa. Talvez seja justamente essa paciência, cultivada desde a vinha até a taça, que mantém viva a lenda que encantou Winston Churchill.

Fonte por: Carta Capital

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