A carência de ferro, mais conhecida em sua forma avançada como anemia ferropriva, é uma condição que impacta aproximadamente 30% das mulheres brasileira…
A deficiência de ferro – mais conhecida em sua forma avançada como anemia ferropriva – é uma condição que afeta aproximadamente 30% das mulheres brasileiras, conforme a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 2022. Dados do Departamento de Informação e Informática do SUS (DataSUS) indicam que, de janeiro a maio deste ano, 6.602 internações foram causadas por esse quadro em todo o país, sendo mais prevalente no sexo feminino e em idosos, que correspondem a 52% dos afetados por faixa etária.
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A anemia decorrente da deficiência de ferro está associada frequentemente à fadiga e à palidez, mas seus impactos vão muito além. A endocrinologista Dalva Gomes, do laboratório Bronstein, da Dasa, afirma que a carência desse mineral essencial pode ter consequências profundas e inesperadas em vários sistemas do corpo.
Os sintomas clássicos são, frequentemente, não específicos e podem estar relacionados a outras enfermidades. Contudo, os pacientes costumam apresentar fadiga; dificuldades de concentração e memória; baixa produtividade; palidez da pele e das mucosas; unhas frágeis e esbranquiçadas; falta de ar e tontura.
A hematologista Monique Morgado, do laboratório Sérgio Franco, também da Dasa, explica o que ocorre no corpo quando há anemia: “Há baixa concentração de hemoglobina no sangue, proteína presente nos glóbulos vermelhos que transporta o oxigênio pelo corpo. Quando falta ferro, há menor oxigenação de tecidos e órgãos, causando os sintomas”, comenta a especialista.
A anemia provoca consequências para a saúde que ultrapassam os sinais mais frequentes. Verifique!
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O ferro é essencial na produção de neurotransmissores e no transporte de oxigênio para o cérebro. Sua falta pode gerar impacto neurológico e cognitivo, com manifestação de lentidão no raciocínio. Em crianças, pode afetar o desenvolvimento cognitivo de forma mais séria.
Muitas pessoas com deficiência de ferro relatam a Síndrome das Pernas Inquietas, uma condição neurológica que provoca a vontade incontrolável de mover as pernas, principalmente quando estão em repouso. Essa manifestação pode resultar em transtornos do sono.
A médica endocrinologista Dalva Gomes aponta que a fadiga intensa e a dificuldade de concentração decorrentes da falta de ferro podem influenciar o surgimento ou a intensificação de sintomas de depressão e ansiedade, afetando o bem-estar psicológico.
A anemia e as dificuldades musculares estão fortemente ligadas, e essa relação transcende a mera sensação de fadiga. A condição compromete a habilidade do sangue de fornecer oxigênio aos músculos, que ficam privados de energia para desempenhar funções essenciais, como a reparação celular e a contração.
Adicionalmente, os músculos podem utilizar rotas de produção de energia anaeróbicas, que levam ao acúmulo de ácido lático, podendo provocar dores e cãibras. Esses sintomas podem levar à redução da capacidade de realização de atividades físicas e, consequentemente, à perda gradual de massa e força muscular, denominada sarcopenia e mais frequente em idosos.
A deficiência de ferro, mesmo em atividades de baixo impacto, pode provocar dispneia (falta de ar) devido à menor disponibilidade de oxigênio nos pulmões e nos tecidos. A cardiologista Fernanda Erthal, da CDPI (Clínica de Diagnóstico por Imagem), explica que, para compensar a carência de oxigênio, o coração necessita trabalhar com maior intensidade, bombeando o sangue de maneira mais rápida e vigorosa.
A falta de tratamento pode causar fadiga, dificuldade para respirar e palpitações. Se a anemia não for tratada, esse esforço adicional pode sobrecarregar o coração e comprometer o funcionamento do sistema circulatório, elevando o risco de complicações, como insuficiência cardíaca.
A carência de ferro é uma condição silenciosa que pode afetar a qualidade de vida. Assim, requer orientação médica para o diagnóstico e tratamento adequados. “Alterações simples na dieta ou suplementação podem fazer a diferença. Contudo, em condições mais específicas, a decisão de prescrever a terapia por infusão – que entrega doses mais elevadas de ferro diretamente na corrente sanguínea de forma imediata – é individualizada e baseada na avaliação clínica do paciente e nos resultados de exames laboratoriais”, afirma Dalva Gomes.
A administração de ferro por infusão é indicada, principalmente, para pacientes com resposta inadequada ao tratamento oral, devido a diversas razões, como ineficácia do suplemento, má absorção do mineral por causa de doenças inflamatórias intestinais, cirurgias bariátricas ou problemas gastrointestinais e doença renal crônica, ou pela necessidade de reposição rápida.
Por Rachel Lopes
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.