A alta do dólar nos últimos dias, antecedendo o aumento das tarifas, deve provocar pedido de CPI para apurar o uso de informação privilegiada
Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, propõe uma investigação sobre operações com movimentação de R$ 6,6 bilhões.

A movimentação de R$ 6,6 bilhões em contratos vinculados à cotação do dólar horas antes do anúncio de uma tarifação dos Estados Unidos contra o Brasil irá gerar o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional. O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), anunciou na quarta-feira (23) um esforço para a criação de uma comissão mista, com deputados e senadores, para apurar o uso de informações privilegiadas em operações atípicas antes do tarifário.
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Farias buscou assinaturas de parlamentares para a criação da CPI após o ICL Notícias publicar uma reportagem que indicou que grandes grupos financeiros como BGC – ligado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick –, BTG Pactual e Tullett Prebon teriam auferido lucros com operações anteriores à taxação. Na sexta-feira (18), o Jornal Nacional, da TV Globo, já havia levantado suspeitas sobre as operações com o dólar antes da taxação, sem apontar possíveis beneficiados.
No dia seguinte, no sábado (19), a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a instauração de uma apuração sobre o caso.
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O aumento de tarifas foi anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na última data de 9 de julho. Ele estabelece que a importação de produtos brasileiros por empresas americanas seja tributada em 50%, o que pode dificultar as exportações do Brasil. O aumento tarifário é uma retaliação ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de promover um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.
O anúncio do reajuste tarifário por Trump ocorreu às 16h17 e elevou a cotação do dólar no Brasil quase que instantaneamente. Antes de sua divulgação, foram registradas uma série de operações de compra da moeda que podem ter sido realizadas por quem já sabia que o reajuste seria anunciado.
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Segundo apuração do ICL Notícias, entre 11h30 e 12h45, houve nove operações totalizando mais de R$ 6,6 bilhões. Esse valor correspondeu a quase 10% do volume total de contratos de dólar negociados no dia. O maior negócio ocorreu às 11h38, com o BTG Pactual, de André Esteves, atuando na movimentação de R$ 2,7 bilhões.
A revelação de que mais de R$ 6,6 bilhões foram movimentados na bolsa de valores brasileira em operações atípicas e suspeitas realizadas com informações privilegiadas poucas horas antes do anúncio oficial da tarifação imposta pelo governo dos Estados Unidos acende um grave alerta sobre a existência de uma aliança internacional de ataque à soberania do Brasil, com motivação política, finalidade golpista e ganhos financeiros escusos.
A AGU também identificou “possíveis ganhos financeiros ilícitos” em operações anteriores à tarifização, e, por isso, solicitou a apuração sobre o tema.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.