A Alemanha interrompe o apoio financeiro ao resgate de refugiados
O governo cancelou o auxílio anual de 2 milhões de euros para organizações não governamentais que trabalham no resgate de imigrantes.

O Ministério das Finanças da Alemanha cancelou, na quinta-feira (25.jun.2025), o financiamento anual de 2 milhões de euros destinado a organizações não governamentais que apoiam o transporte e resgate de refugiados que buscam chegar à Europa através do mar Mediterrâneo.
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A ação se deve às críticas do governo do primeiro-ministro Friedrich Merz (União Democrata-Cristã, centro-direita) às regras de imigração das gestões anteriores. A atual liderança alemã também deseja diminuir tensões com autoridades da Itália, considerando que a maioria dos refugiados auxiliados chegava pelo território italiano.
O governo de orientação centro-direita, assim como outros governos conservadores na Europa, busca responder às demandas de segmentos da população em relação ao sentimento anti-imigração.
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Além do argumento de que refugiados estariam “roubando”, cidadãos da UE sentem insatisfação com a incompatibilidade cultural dos imigrantes, notadamente aqueles provenientes de países africanos com tradições islâmicas.
A noção de culturas opostas surgiu em decorrência de casos envolvendo imigrantes extremistas que agiram contra cidadãos europeus, seja por meio de uma ideologia ou de outros motivos.
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O Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, defendeu na quinta-feira (26.jun) a suspensão do financiamento a organizações não governamentais, afirmando que foi a decisão correta.
Wadephul afirmou a jornalistas no Canadá que “A Alemanha continua comprometida com a humanidade e sempre estará. Mas não acredito que seja função do Ministério das Relações Exteriores usar fundos para esse tipo de resgate marítimo”.
Os partidos de esquerda defendem a assistência humanitária e a unificação pacífica de culturas, com investimento em educação e políticas governamentais que apoiem e auxiliem os refugiados que chegam aos países europeus. Propõem, por exemplo, auxílio às famílias dos refugiados, e argumentam que as implicações sociais e o impacto com os europeus podem ser resolvidos posteriormente.
O diretor do SOS Humanity, Till Rummenhohl, declarou que grande quantia de dinheiro está sendo investida para isolar a Europa do mundo, ao passo que tão pouco dinheiro é destinado a salvar pessoas ainda é excessivo.
O Partido Verde alemão, por exemplo, foi o principal responsável pela aprovação no Parlamento do auxílio de 2 milhões de euros em 2023. A sigla criticou a decisão do governo de interromper o financiamento e afirmou que a medida pode “agravar a crise humanitária” no país.
O resgate marítimo é uma obrigação humanitária e legal. Se a União e o SPD cancelarem o financiamento para essas medidas que salvam vidas, isso levará a uma escalada da crise humanitária e do sofrimento humano, afirmou a líder da coalizão do Partido Verde, Britta Hasselmann, em seu perfil no X (ex-Twitter).
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.