89% das empresas brasileiras relatam-se vulneráveis a ataques cibernéticos, aponta estudo
Investigação aponta que empresas não comunicam irregularidades às autoridades, sem priorizar a segurança cibernética.

À medida que as ferramentas de inteligência artificial (IA) evoluem e as tecnologias se tornam mais complexas, o empreendedorismo brasileiro confronta uma questão urgente: segurança digital.
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Uma pesquisa conduzida pela Grant Thornton e pela Opice Blum Advogados aponta que 79% das empresas brasileiras relatam maior exposição a ataques cibernéticos.
O estudo, realizado com 248 empresas brasileiras de diferentes portes e segmentos, indica que 66,5% das organizações identificam a cibersegurança como um dos cinco maiores riscos corporativos.
Entre as principais vulnerabilidades apontadas nos entrevistados no estudo, destacam-se o phishing (69%) – ataque que visa roubar dinheiro ou informações de identificação, expondo dados pessoais – e o ransomware (67%) – tipo de software malicioso que utiliza criptografia, impedindo o acesso da vítima aos seus dados.
Apenas 25% das empresas contam com algum tipo de seguro cibernético, ou um a cada quatro negócios.
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A paralisação de uma empresa vítima de ataque pode gerar perdas irreparáveis, destaca Everson Probst, sócio de cibersegurança da Grant Thornton Brasil.
Ele argumenta que há uma carência de percepção entre os empresários sobre a necessidade de buscar proteção digital.
Uma empresa calçadista, qual é o seu negócio principal? Proteger computadores ou fabricar sapatos? Para muitos executivos, o produto final é a prioridade. A segurança da informação nem sempre é vista como algo produtivo e, por isso, as empresas acabam ficando um passo atrás dos criminosos.
Atualmente, segundo o estudo, 83% dos empresários relataram possuir ações de capacitação para lidar com ataques cibernéticos. Contudo, a porcentagem que avalia seus treinamentos como altamente eficazes é de 21%.
O especialista em segurança cibernética explica que, para o melhor controle de prejuízos em casos futuros com possíveis fraudes, a empresa deve investir em prevenção, e não alocar recursos somente após ser vítima de uma ação criminosa.
Ao investir em um plano de resposta a incidentes abrangente, a organização identifica a quem deve ser comunicado e compreende que processos críticos e dados possuem um custo significativamente menor durante o incidente.
As situações são inversamente proporcionais. A empresa que poupa na preparação, quando enfrenta um incidente, sofre um impacto muito grave. A empresa que investe adequadamente, terá um impacto controlado.
A pesquisa indica que 40% das empresas já enfrentaram um incidente cibernético. Apesar dos riscos associados a essa fraude, 58% delas relataram não ter informado órgãos competentes, como a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ou o Banco Central (BC).
O governo federal opera um sistema de comunicação de ataques cibernéticos por meio do Centro Integrado de Segurança Cibernética (CISC), com o propósito de manter o público informado sobre as tendências de ameaças cibernéticas para ampliar a capacidade de prevenção, detecção e resposta a incidentes.
No entanto, Tiago Neves, sócio do Opice Blum Advogados e especialista em proteção de dados, afirma que as empresas ainda não compreendem adequadamente as recentes legislações no âmbito da tecnologia em nível nacional.
“Recentemente, nossas legislações passaram a regulamentar que as empresas não só devem implementar as melhores práticas de proteção, mas, havendo um incidente, são obrigadas a reportá-lo às autoridades, para que elas possam acompanhar e indicar medidas para ajudar a empresa a prevenir os efeitos desse ataque”, explica.
O especialista em proteção de dados ainda ressalta que as empresas devem informar seus clientes em caso de incidente, o que gera certo receio das consequências que essa ação pode acarretar.
O Brasil ocupa a primeira posição em vendas de veículos elétricos na América Latina.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.