8 em cada 10 empreendedores preveem a venda de participação ou realizar uma fusão e aquisição nos próximos dois anos

Endeavor aponta preferência por empresas secundárias e aquisições em vez de ofertas públicas iniciais no curto prazo.

16/09/2025 16:04

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8 em cada 10 empreendedores preveem a venda de participação ou realizar uma fusão e aquisição nos próximos dois anos
(Imagem de reprodução da internet).

A Endeavor divulgou o estudo Founder Liquidity in Brazil, que constata as expectativas de 118 fundadores de empresas de tecnologia. A pesquisa, financiada por Google Cloud, Prosus e Peers Consulting, analisa IPOs, fusões e aquisições, bem como vendas secundárias, oferecendo insights valiosos sobre o cenário de saída de fundadores no Brasil.

O material foi apresentado no Encontro Anual do Scale-Up Ventures, fundo de venture capital da Endeavor, e inclui uma variedade de vídeos com declarações de empreendedores de destaque, como Guilherme Benchimol (XP), Eric Santos (RD Station), Stelleo Tolda (Mercado Livre) e Sergio Furio (Creditas), proporcionando uma perspectiva autêntica sobre as estratégias de saída.

Perspectivas para os Próximos Anos: Oportunidades de Crescimento e Saída

Segundo a pesquisa, 79% dos empresários brasileiros planejam realizar operações como fusões e aquisições ou venda de participações nos próximos dois anos, refletindo um apetite crescente por liquidez e oportunidades de expansão. O estudo indica que os IPOs devem retornar a ser relevantes apenas a partir de 2028 nos Estados Unidos e, na B3, após 2030, evidenciando um horizonte de tempo para o mercado de capitais.

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Aquisições recentes demonstram essa tendência: a compra da ClearSale pela Experian por 350 milhões de dólares, o acordo da Conta Azul com a Visma por 300 milhões de dólares e a venda da Contabilizei para a Warburg Pincus, ilustram a dinâmica do mercado.

“Quando bem planejadas, as fusões e aquisições e as vendas secundárias mantêm o fundador engajado e proporcionam recursos para novos ciclos de crescimento”, afirma Gustavo Cruz, Diretor de Rede e Capital da Endeavor Brasil, ressaltando a importância de uma gestão estratégica.

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Vendas Paralelas em Ascensão: Planejamento Financeiro e Sucessão

O estudo revela que vendas paralelas, que antes eram vistas com reservas, estão se tornando mais relevantes nas transações entre empresários e investidores. Apenas 5% mencionam questões de sucessão ou saída como foco da próxima operação. Contudo, 77,5% indicam o planejamento financeiro pessoal como a principal razão para a negociação, evidenciando a importância da gestão de recursos.

“Para líderes que buscam a continuidade nos negócios, eventos pontuais são úteis a longo prazo, sobretudo quando há participação familiar”, declara Sergio Furio, fundador da Creditas, enfatizando a importância de uma visão holística.

Compra de Ações Antes da Oferta Pública Inicial: Oportunidades na Rodada B

As operações de compra ocorrem com mais frequência até a rodada B, quando as avaliações são mais vantajosas. A partir da rodada C, os valores aumentam e os compradores estratégicos se tornam menos comuns, refletindo as mudanças no ciclo de vida das empresas.

De acordo com Gustavo, casos como a aquisição da Kovi pela nigeriana Moove evidenciam que transações entre mercados emergentes também produzem valor. Trinta e dois por cento e vinte e dois pontos dois por cento dos fundadores ainda mencionam o IPO como o caminho mais adequado aos seus valores, embora reconheçam as exigências operacionais e culturais.

A VTEX, por exemplo, dedicou cinco anos de preparação antes de sua abertura de capital na NYSE. “O IPO é o que melhor alinha crescimento de longo prazo com credibilidade no mercado global”, declara Geraldo Thomaz, cofundador da empresa, destacando a importância da preparação para o mercado de capitais.

Novas Fases Após a Conclusão de uma Venda: O Efeito Multiplicador

O estudo indica que, após a venda de suas empresas, 51,9% dos fundadores abriram novos negócios e 48,1% se tornaram investidores. A partir da Série D, 71,4% passaram a investir em filantropia ou iniciativas de impacto, em comparação com 26% nos estágios iniciais, demonstrando uma evolução no foco dos fundadores.

A Endeavor denomina esse processo de “Efeito Multiplicador”. O caso da venda da 99 para a Didi Chuxing, em 2018, ilustra isso. Ex-funcionários fundaram empresas como Swap, Kovi e Alice. “Permitir o retorno para 20 pessoas-chave possibilitou que elas continuassem empreendendo, criando a chamada máfia da 99”, recorda Paulo Veras, fundador da companhia, evidenciando o impacto positivo da saída do fundador.

Fonte por: Carta Capital

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.