Encontro reunirá em Curitiba (PR) agricultores, pesquisadores, movimentos e artistas em apoio à soberania alimentar.
Curitiba receberá, entre os dias 6 e 10 de agosto de 2025, a 22ª Jornada de Agroecologia do Paraná, um dos maiores eventos sobre o tema no país. O evento, gratuito e acessível ao público, será realizado no campus do Politécnico da UFPR e reunirá agricultores, indígenas, quilombolas, pesquisadores e movimentos sociais em discussões sobre alternativas à crise climática.
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O programa de programação da Jornada iniciará na manhã do dia 6 de agosto, com a Marcha por Terra, Teto e Agroecologia. A concentração do ato começará às 9h, na Praça Santos Andrade e a marcha prosseguirá a pé até a Assembleia Legislativa do Paraná, onde ocorrerá uma audiência pública no final da manhã.
Entre os destaques da programação, estão as conferências com o teólogo Leonardo Boff; João Pedro Stedile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Makota Celinha, coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileira (Cenarab); Auricélia Arapiuns, presidente do Conselho Deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); o geógrafo Andrei Cornettae; a professora e pesquisadora Larissa Bombardi, entre outros convidados.
A programação inclui apresentações musicais e culturais com artistas como Ivan Vilela, Antonio Gringo, Cacique e Pajé, Janine Mathias, Yago O’Pró próprio, Dow Raiz, Bloco Afro Pretinhosidade e Roda de Samba da Resistência. A tradicional Feira da Agrobiodiversidade e a Culinária da Terra estarão abertas ao público durante todo o evento.
A 22ª edição da Jornada ocorrerá no mesmo ano da Cúpula dos Povos, prevista para novembro em Belém (PA), evento que reunirá mais de 400 movimentos sociais em paralelo à COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). A Jornada visa fortalecer os debates sobre alternativas populares em face à emergência climática e expor os impactos do agronegócio sobre os povos e o planeta.
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A Feira da Agrobiodiversidade já é um espaço tradicional na Jornada, e deverá reunir aproximadamente 100 empreendimentos da agroecologia, da economia solidária e da reforma agrária de diversas regiões do estado e de outros estados, no pátio do campus Politécnico.
Considerada uma das maiores expressões da produção do Paraná, a feira reúne alimentos agroecológicos, sementes, cosméticos naturais, produtos de saúde e higiene, além de materiais dos movimentos sociais, como camisetas e bonés. Estarão presentes artesãos e artistas da capital, do interior e de povos indígenas, com uma variedade de itens que inclui biojoias, acessórios, artes gráficas e produtos para o lar, refletindo a diversidade de conhecimentos e práticas que compõem o projeto da agroecologia.
As conferências da 22ª Jornada de Agroecologia discutiram temas como os impactos do agronegócio no meio ambiente, a segurança alimentar, alternativas populares diante da crise climática e a construção de um projeto popular para o Brasil. Estão confirmadas participações como a do geógrafo Andrei Cornetta, que discutirá a estratégia de destruição capitalista promovida pelo agronegócio, da liderança indígena Auricélia Arapiuns, do teólogo Leonardo Boff e de João Pedro Stedile, do MST, em debate sobre a Casa Comum e os caminhos para um modelo de país baseado na soberania alimentar e na justiça social.
Além das conferências, o programa contempla seminários temáticos e oficinas práticas com foco em agroecologia, saúde coletiva, produção sustentável, cultura popular e comunicação. Serão espaços de troca de experiências, formação política e aprofundamento técnico, articulando conhecimento científico e saberes dos territórios.
A arte é compreendida como parte da luta pela terra, pela agroecologia e pela justiça social, ocupando um papel central na programação da organização. Música, teatro, blocos de rua, poesia e performance compõem uma jornada que também se faz com cultura.
Outro espaço que já é marca da Jornada de Agroecologia é o Túnel do Tempo, uma experiência imersiva e formativa, que resgata a memória viva da luta pela terra, da organização popular e da construção da agroecologia no Brasil.
O Túnel estará aberto à visitação nos dias 07, 08 e 09 de agosto, das 9h às 18h, no Hall Poty Lazzarotto – Prédio da Administração do Campus Politécnico da UFPR. Para agendar visitas escolares ou para tirar dúvidas, escreva para [email protected].
Além das atividades na capital, está programado um dia de campo no Assentamento Contestado, na Lapa/PR, com troca de experiências e apresentação de tecnologias agroecológicas desenvolvidas por meio da Cooperação Brasil-China. A ação ocorrerá ao longo de todo o dia 8 de agosto, sexta-feira, e contará com conferências sobre mecanização e produção de bioinsumos para a expansão da agroecologia.
Serão apresentadas demonstrações simultâneas de máquinas agrícolas para fruticultura, com equipamentos para manejo em sistemas agroflorestais; Bioinsumos, com ênfase na aplicação por drone; Olericultura – sementeira de hortaliças e transplantadora de mudas; Sistema de Plantio Direto de Hortaliças; e máquinas voltadas à mecanização de culturas anuais.
Será conduzido um percurso de visitação ao assentamento Contestado, que incluirá a Escola Latino Americana de Agroecologia Ana Maria Primavesi, a Unidade Básica de Saúde e o horto medicinal Chica Pelega, e a Cooperativa 100% agroecológica Terra Livre.
A atividade será direcionada a agricultores/as que participarem da Jornada, com inscrição prévia.
A agroecologia representa uma trajetória de desenvolvimento rural que busca a produção de alimentos de forma sustentável, considerando a diversificação de espécies, a conservação do solo e da água, e a valorização do conhecimento tradicional dos agricultores.
A Marcha pela Agroecologia é promovida por uma articulação de mais de 60 organizações sociais, movimentos populares, coletivos e instituições de ensino. Unindo congressos, seminários, oficinas, feiras e manifestações artísticas, o evento visa apresentar à sociedade a agroecologia como alternativa ao modelo do agronegócio, com ênfase na produção de alimentos saudáveis, na justiça social e no combate à crise ambiental e climática.
A partir de 2018, o evento ocorre nos espaços da Universidade Federal do Paraná, que neste ano retorna a receber a Jornada em seu Campus Centro Politécnico. Trata-se da sexta vez que a UFPR recebe o encontro em Curitiba.
Confira aqui a programação prévia aqui
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.